sexta-feira, 26 de abril de 2013

Concurso Historiador


CONCURSO HISTORIADOR (UFPR) 

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
21 - Considere o fragmento de texto abaixo:
(...) Estou procurando resgatar o pobre descalço, o agricultor ultrapassado, o tecelão do tear manual ‘obsoleto’, o artesão ‘utopista’ e até os seguidores enganados de Joanna Southcott, da enorme condescendência da posteridade. Suas habilidades e tradições podem ter-se tornado moribundas. Sua hostilidade ao novo industrialismo pode ter-se tornado retrógrada. Seus ideais podem ter-se tornado fantasias. Suas conspirações insurrecionais podem ter-se tornado imprudentes. Mas eles viveram nesses períodos de extrema perturbação social, e nós, não.
(THOMPSON, E. P. A formação da classe operária inglesa. RJ: Paz e Terra, p. 12.)

A partir do excerto de Thompson e dos conhecimentos sobre as relações entre a “história vista de baixo” e a história social, considere as seguintes afirmativas:
1. Thompson defendeu a “história vista de baixo”, que considerava as experiências passadas de agentes históricos até então negligenciados pelos historiadores, como a diversidade social e cultural que compôs a classe operária inglesa na virada do século XVIII para o século XIX.
2. Um dos problemas enfrentados por quem pesquisa a “história vista de baixo” são a disponibilidade de acesso a vestígios deixados por pessoas comuns, especialmente conforme o recuo no tempo.
3. A “história vista de baixo” é sinônimo de história social dos movimentos da classe trabalhadora, abordando as suas atividades políticas, sindicais e partidárias.
4. A “história vista de baixo” também contemplou outros sujeitos históricos anônimos em eras anteriores ao período industrial, tais como uma determinada comunidade medieval camponesa estudada por Emmanuel Lê Roy Ladurie, em Montaillou, e a história do moleiro Domenico Scandella (Menocchio), pesquisado por Carlo Ginzburg em O Queijo e os Vermes.

Assinale a alternativa correta.
a) Somente a afirmativa 1 é verdadeira.
b) Somente a afirmativa 3 é verdadeira.
c) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.
e) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.



resposta:[C]

22 - (...) O principal valor de Marx para os historiadores, atualmente, está nas suas afirmações sobre história, distintas das suas afirmações sobre a sociedade em geral (...). A força imensa de Marx sempre esteve na sua insistência sobre a existência da estrutura social e sua historicidade; ou, em outras palavras, sua dinâmica interna de mudança.
(HOBSBAWM, Eric J. “A contribuição de Karl Marx para a historiografia”. In: BLACKBURN, Robin (org.). Ideologia na ciência social: ensaios críticos sobre a teoria social. Trad. Anlyde Rodrigues. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982, p. 251-252).

Considerando a influência de Marx nas produções historiográficas, considere as seguintes afirmativas:
1. O chamado “marxismo vulgar”, denunciado por Hobsbawm como uma simplificação dos estudos de Marx e Engels aplicados aos estudos históricos, tem como uma das características centrais a ênfase na interpretação econômica da História e no modelo de base e superestrutura.
2. Ao distinguir as afirmações de Marx sobre a história e a análise de Marx sobre a sociedade em geral, Hobsbawm defende que as mudanças socioeconômicas devem ser vistas em seus diferentes contextos sociais, fugindo à inevitabilidade histórica.
3. A influência dos estudos de Marx nos trabalhos historiográficos feitos no século XX se observa na escolha de temas específicos de investigação, como o desenvolvimento capitalista e os movimentos sociais de classes oprimidas.
4. Ao afirmar que a força dos estudos de Marx estava na ênfase na dinâmica interna de mudança, Hobsbawm ignorou as contribuições desse autor para o estudo das filosofias iluministas e da escolástica medieval.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente a afirmativa 1 é verdadeira.
b) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.
e) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.




resposta:[E]


23 - Em seu artigo “História e Ciências Sociais: a longa duração” (1958), o historiador Fernand Braudel refletiu sobre as temporalidades da história, que ele concentrou em:
a) dois tempos: o presente, em que o historiador se insere e que interfere em suas escolhas metodológicas, e o passado, objeto de estudo exclusivo do historiador.
b) quatro tempos: História Antiga, História Medieval, História Moderna e História Contemporânea, tendo como denominador comum o continente europeu.
c) três tempos: o tempo subjetivo, no qual o historiador está inserido, o tempo das conjunturas socioeconômicas e o tempo dos acontecimentos políticos mais relevantes para o registro histórico.
d) dois tempos: o tempo breve, dedicado à história política e aos acontecimentos, e o tempo longo, como um denominador comum para o estudo interdisciplinar.
e) três tempos: o tempo curto ou breve, dos acontecimentos, próprio da história tradicional, o tempo das conjunturas, mais usado pela história econômica e o tempo longo ou longa duração, das estruturas sociais e culturais.


resposta:[E]


24 - Considere os dois trechos abaixo:
A própria leitura dos documentos de nada serviria se fosse feita com ideias preconcebidas; nisto consiste o erro mais comum de nossa época. (...) O melhor dos historiadores é aquele que se mantém o mais próximo possível dos textos, interpretandoos com justeza, não escrevendo e não pensando senão segundo eles.
(COULANGES, Fustel de. “Historie des institutions politiques de l’ancienne France” – seleção. In EHRARD, J. e PALMADE, G. P. L’histoire. 2. ed. Paris: A. Colin, 1965, p. 322-324.)

Toda imagem histórica contém, portanto, uma forte dose de fantasia. O historiador não pode eliminá-la, mas pode calcular os elementos reais que entram nas imagens e, sobre estes, erigir sua obra; estes elementos são os que ele conseguiu nos documentos.
(LANGLOIS, C. V.; SEIGNOBOS, C. Introdução aos estudos históricos. Trad. Laerte de Almeida Morais. São Paulo: Editora Renascença, 1946, p. 155-156).

Em relação aos trechos acima, é correto afirmar:
a) Mostram a fragilidade do trabalho histórico na visão dos historiadores culturais, que desenvolveram complexas técnicas paleográficas para a leitura de documentos históricos.
b) Revelam a importância do documento histórico como uma evidência irrefutável para a construção do trabalho histórico, e demonstram a posição dos historiadores marxistas quanto à necessidade de manter a objetividade histórica.
c) Traduzem a inquietação de historiadores franceses do final do século XIX quanto ao caráter subjetivo da investigação histórica que, por isso, defendiam a objetividade do método histórico a partir da avaliação estrita dos documentos.
d) Defendem que há uma realidade concreta por trás dos documentos históricos, que devem ser escrutinados por meio de hipóteses a serem elaboradas por historiadores profissionais.
e) Demonstram a certeza dos historiadores positivistas de que é impossível chegar a uma verdade histórica a partir do exame dos documentos, pois há uma grande distância entre os historiadores e seu passado.

 resposta:[C]


25 - Considere o excerto de uma palestra proferida pelo historiador Lucien Febvre:
(...) Para fazer história, virai decididamente as costas ao passado e vivei primeiro. Misturai-vos à vida. À vida intelectual, sem dúvida, em toda a sua variedade. Historiadores, sede geógrafos. Sede juristas também, e sociólogos e psicólogos; não fecheis os olhos ao grande movimento que, perante vós, transforma num ritmo vertiginoso as ciências do universo físico.
(FEBVRE, Lucien apud MOTA, C. G. (org.). Lucien Febvre: História. SP: Ática, 1978, p. 7).

Com relação à primeira geração da denominada Escola dos Annales, identifique as afirmativas a seguir como verdadeiras (V) ou falsas (F):
( ) Considerava a interdisciplinaridade como uma postura científica fundamental para responder aos problemas investigados pelos historiadores.
( ) Advogou pela prática da interdisciplinaridade nos estudos históricos, mas na prática essa geração não logrou realizá-la. Somente as gerações seguintes conseguiram aplicar esses ensinamentos, e, ainda assim, com muitas dificuldades.
( ) Aplicou a interdisciplinaridade em estudos como “A sociedade feudal”, de Marc Bloch, e “O problema da incredulidade no século XVI: a religião de Rabelais”, de Lucien Febvre, dentre outras obras.
( ) Aprofundou o diálogo com outras disciplinas das Ciências Humanas na primeira década do século XX com a revista “Anais de História Econômica e Social”, em oposição à história política factual.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo.
a) V – F – V – V.
b) F – F – V – V.
c) F – V – F – V.
d) V – V – F – F.
e) F – V – F – F.


resposta:[A]

26 - Considere o excerto abaixo, do historiador Marc Bloch:
Ora, esse tempo verdadeiro é, por natureza, um continuum. É também perpétua mudança. Da antítese desses dois atributos provêm os grandes problemas da pesquisa histórica.
(BLOCH, Marc. Apologia da história ou O ofício do historiador. RJ: Jorge Zahar, 2001, p. 55.)

O trecho acima se refere ao seguinte problema da pesquisa histórica:
a) A tensão entre continuidade e mudança dentro de uma dada duração ou período histórico, o que impede uma divisão precisa entre passado e presente na investigação de um determinado problema histórico.
b) A tensão entre continuidade e mudança na história, o que promove uma separação definida entre passado e presente na investigação de um tema histórico.
c) A mistura entre continuidades e transformações dos dados históricos, o que permite uma diferenciação entre causas e consequências dos fatos históricos.
d) A predominância das continuidades sobre as transformações históricas, o que justifica o estudo da história como ciência do passado.
e) A predominância das mudanças sobre as continuidades históricas em um dado período histórico, o que leva à adoção da história-problema.



resposta:[A]


27 - Sobre a abordagem pós-moderna da história, considere as seguintes afirmativas:
1. Desconstrói os pressupostos e os elementos do trabalho histórico profissional, desvelando e historicizando mecanismos de poder que naturalizam os discursos históricos em diferentes momentos.
2. Adota as grandes narrativas históricas, que partem de um eixo eurocêntrico anglo-saxão e masculino.
3. Renega a metodologia reflexiva, que reconhece a fragilidade epistemológica da história.
4. Pretende abarcar a multiplicidade de relatos históricos, reconhecendo que a disciplina histórica produz um entre tantos relatos possíveis.

Assinale a alternativa correta.
a) Somente a afirmativa 1 é verdadeira.
b) Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.
e) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.




 resposta:[B]


28 - Sobre a História Nova, assinale a alternativa correta.
a) Foi um movimento coeso de historiadores que adotaram a história quantitativa para escrever uma história política rankeana.
b) Já podia ser vislumbrada nas reflexões de Voltaire sobre a importância do relato histórico. Tal continuidade com o pensamento iluminista foi acrescentada à prática da nova história política e do novo empiricismo.
c) Endossou a visão tradicional de história acontecimental, por privilegiar o relato do cotidiano e da vida privada a partir de documentos oficiais escritos.
►d) Opõe-se a uma visão de história tradicional positivista, privilegiando o estudo de vários tipos de atores sociais, utilizando uma gama infinita de documentação e de vestígios históricos e reconhecendo o relativismo cultural na escrita da história.
e) Apresenta predominância de intelectuais franceses, que se opuseram à abordagem inglesa da História, o que explica sua preferência pela história serial de inspiração marxista.



resposta:[D]

29 - Considere o seguinte excerto:
O documento histórico é um texto no meio do caminho entre o arbítrio de um historiador (e de uma sociedade) e seu próprio conteúdo.
(KARNAL, Leandro; GALLI, Flávia T. “A memória evanescente” In PINSKY, C. B.; LUCA. T. R. (orgs.). O Historiador e suas fontes. SP: Contexto, 2011, p. 23.)

Acerca da relação entre o historiador e seu objeto de pesquisa, acessado através de documentos, referenciado no excerto acima, identifique as afirmativas a seguir como verdadeiras (V) ou falsas (F):
( ) O documento não é nem uma entidade autônoma, que define completamente os rumos da pesquisa, nem é totalmente sujeito à interpretação do historiador – há um constante diálogo entre o sujeito pesquisador e o objeto pesquisado.
( ) Somente o historiador é quem confere importância ao documento histórico, não importando o seu conteúdo específico.
( ) A leitura do documento traz informações invariáveis à pesquisa histórica, independentemente do olhar lançado pelo historiador.
( ) Os autores do excerto defendem que, isoladamente, nem a visão positivista nem a abordagem pós-estruturalista da história contemplam a complexidade do documento histórico para o trabalho do historiador.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo.
a) V – V – F – F.
b) F – F – V – V.
c) V – F – V – F.
d) V – F – F – V.
e) F – V – F – V.



resposta:[D]


30 - Assinale a alternativa que exprime a mudança do conceito de patrimônio cultural no Brasil entre o Decreto-Lei 25, de 1937, e o artigo 216 da Constituição de 1988.
a) O conceito de 1988 representou um estreitamento do conceito de patrimônio cultural contido no Decreto-Lei de 1937, a fim de melhor regulamentar os bens culturais e artísticos produzidos no Brasil após os anos 1960.
b) O conceito mais recente ignorou determinações do antigo Decreto-Lei, por este ter sido concebido durante o Estado Novo, trazendo uma concepção estreita de patrimônio cultural, ligada somente à preservação dos documentos e das produções artísticas relativas ao período getulista.
c) O conceito mais recente ampliou a noção mais antiga de patrimônio artístico e cultural, que previa o conjunto de bens relativos a “fatos memoriais da história do Brasil” e ao seu “excepcional valor arqueológico ou etnográfico”. A nova noção abarca bens imateriais e materiais que expressam a multiplicidade identitária brasileira.
d) O conceito mais antigo de patrimônio contemplou somente as obras artísticas brasileiras produzidas no âmbito acadêmico, de reconhecido valor estético, enquanto que o conceito mais recente deu prioridade às obras artísticas de caráter popular, a fim de reconhecer as minorias negligenciadas pelo poder público.
e) Tanto o conceito mais recente quanto o conceito mais antigo reconheceram a diversidade cultural brasileira, que deveria ser preservada pelo poder público. A diferença é que o conceito de 1988 regulamentava o papel dos historiadores especializados nas tradições populares e folclóricas.


resposta:[C]

31 - A partir dos anos 1990, o interesse de historiadores, antropólogos e sociólogos pela fotografia alargou-se. Confluíram os usos sociais e científicos que a fotografia vinha recebendo com os novos paradigmas das ciências humanas.
(LIMA, S. F.; CARVALHO, V. C. “Fotografias - Usos sociais e historiográficos”. In PINSKY, C. B.; LUCA. T. R. (orgs.). O Historiador e suas fontes. SP: Contexto, 2011, p. 41.)

A respeito da análise historiográfica das fontes fotográficas, é correto afirmar:
a) Embora muitos estudos sobre os diversos tipos de fotografia fossem realizados na academia, mediante os novos paradigmas das ciências humanas, constatou-se que pouco se avançou no estudo das fotografias, frustrando as expectativas levantadas com os estudos iniciados nos anos 1990.
b) As fontes fotográficas passaram a ser analisadas dentro das práticas de cultura visual e material da sociedade ocidental, como o fotojornalismo (dentre outras), almejando compreender o papel social e os contextos de produção, de circulação e de consumo da fotografia.
c) As fontes fotográficas obedeceram à tendência geral de ampliação da variedade de fontes historiográficas iniciada com a História Nova, sendo aplicadas ao estudo das sociedades ocidentais fundamentalmente enquanto ilustrações de eventos históricos da era contemporânea.
d) A análise das fontes fotográficas ampliou-se com os paradigmas das ciências humanas, que visaram incluir as fotografias como elementos de exposição em museus e galerias de arte.
e) As fontes fotográficas ampliaram-se conforme o desenvolvimento da cultura visual a partir da globalização, porém, após um grande interesse dos intelectuais das Ciências Humanas por essas fontes, o seu estudo não logrou acompanhar a evolução tecnológica das fotografias.



resposta:[B]


32 - Os testamentos e inventários elaborados no período colonial brasileiro são documentos históricos que oferecem uma rica variedade de informações para o trabalho historiográfico. Considere as seguintes aplicações do estudo dessas fontes:
1. Uso no estudo de temáticas religiosas, como santos de devoção, atitudes e sentimentos coletivos em relação à morte e participação de indivíduos em irmandades, entre outras.
2. Uso no estudo sobre a classe operária e sobre o complexo arquitetônico urbano industrial, como as condições de moradia nas vilas operárias, as condições de trabalho nas indústrias e a evolução da vida urbana.
3. Uso no estudo sobre a escravidão, como um plantel escravista que, analisado em conjunto com outros inventários em uma dada duração, revela a dinâmica da sociedade escravista de uma região.
4. Uso no estudo da cultura material, como vestimentas, alimentação, meios de transporte, atividades comerciais, livros e práticas de leitura.

Estão corretos os itens:
a) 1 e 4 apenas.
b) 2 e 4 apenas.
c) 2 e 3 apenas.
d) 1, 3 e 4 apenas.
e) 1, 2 e 3 apenas.



resposta:[D]


33 - Algumas especificidades do documento fílmico de recriação histórica do passado necessitam ser observadas pelo historiador em suas análises. Considerando esse tema, assinale a alternativa correta.
a) O filme histórico é um documento do presente que visa recriar o passado com fins mercadológicos, o que pressupõe sempre uma distorção das histórias originais. Por isso, essa categoria de fonte não é muito usada na análise histórica.
b) O filme histórico é um produto do presente que torna o passado acessível ao público da era contemporânea. Muitas vezes, é o único meio pelo qual história e personagens de um passado distante podem se tornar conhecidos a um grande público, o que faz dos filmes históricos uma importante fonte para a divulgação do conhecimento histórico.
c) Os únicos filmes históricos apropriados para a análise historiográfica são aqueles feitos por diretores e roteiristas preocupados em buscar uma recriação histórica fiel aos acontecimentos narrados, o que torna a análise fílmica bastante restrita para o campo historiográfico.
d) Os melhores exemplares de filmes a serem trabalhados pelo historiador são os filmes comerciais, pois neles podem ser exploradas várias camadas de interpretação histórica, ao contrário dos filmes que se anunciam como fiéis aos fatos históricos, que pouco se utilizam da complexidade da linguagem cinematográfica.
e) Qualquer filme histórico é um documento que demonstra um olhar do presente sobre o passado, o que por si só também deve ser levado em conta na análise. Assim, o filme deve ser problematizado a partir do seu contexto de produção (intenções e estilo do diretor, roteiro) e de circulação (público-alvo, audiência etc.), além da própria história contada.




resposta:[E]


34 - Uma das consequências da “virada cultural” que influenciou os estudos históricos no mundo ocidental a partir dos anos 1970 foi o avanço da chamada Nova História Cultural. São características dessa corrente historiográfica:
a) A aproximação com a ciência política, produzindo a Nova História Política, que incorpora elementos simbólicos na análise dos grandes personagens políticos e da história das ideias.
b) A aproximação com a sociologia funcionalista, com a consequente incorporação dos estudos de Pierre Bourdieu e Norbert Elias ao campo histórico, remodelando a concepção de alta cultura enquanto modo de vida de um povo.
c) O afastamento da história das demais ciências sociais, marcando a emancipação do campo historiográfico rumo a uma síntese das demais abordagens históricas, como a história social da cultura e o materialismo cultural.
d) A aproximação com a antropologia e a incorporação de uma abordagem mais ampliada de cultura, rejeitando a separação entre cultura erudita e cultura popular para privilegiar a produção e circulação de diversos tipos de práticas e materiais culturais (literatura, meios de comunicação, religião etc.).
e) A aproximação com a linguística, resultando em um retorno da narrativa sob outros aspectos, enfatizando as práticas culturais de agentes anônimos estudados sob o paradigma indiciário.





resposta:[D]


35 - No que se refere à análise historiográfica de pinturas, assinale a alternativa que demonstra aspectos que devem ser considerados pelo historiador.
a) As intenções do pintor (quando identificadas, assim como as intenções dos seus possíveis patronos e clientes), a existência de convenções de representação pictórica no tempo estudado e a presença de mentalidades, ideologias e identidades expressas nas fontes.
b) Independentemente das intenções do pintor, é importante indagar sobre as condições de produção dessa pintura e sua recepção em uma determinada época.
c) As intenções do pintor e de seus patronos e a sua correspondência com os objetos, pessoas e eventos retratados, que permitem investigar o grau de distorção que as pinturas realizaram em relação à realidade retratada.
d) A organização interna dos elementos presentes nas pinturas são o enfoque central do trabalho historiográfico sobre pinturas, sob influência da iconologia.
e) A iconografia oferece a base dos estudos de pinturas desde o período renascentista, orientando o olhar do historiador para a análise de pinturas históricas e dos retratos em detrimento das pinturas artísticas.


resposta:[A]



36 - Levando em conta as utilidades das fontes arqueológicas no estudo historiográfico, considere as seguintes afirmativas:
1. As fontes arqueológicas restringem-se ao estudo de determinadas sociedades sem cultura escrita, como as comunidades indígenas no Brasil, e ao período antigo, em complementação aos vestígios escritos.
2. As fontes arqueológicas oferecem uma grande variedade de informações para historiadores de todos os períodos da História, permitindo analisar um passado mais complexo, contraditório e múltiplo, em uma análise articulada a fontes escritas, em sociedades em que tais fontes são encontradas.
3. As fontes arqueológicas têm trazido à luz situações de resistência e de confronto de certos grupos sociais, tais como práticas religiosas não cristãs de escravos que não foram registradas pela cultura escrita produzida pelos senhores de escravos, em países como os Estados Unidos.
4. As fontes arqueológicas permitem compreender determinadas situações de mescla cultural que não foram relatadas em documentos escritos, tais como no caso do Quilombo dos Palmares, cuja história passou a ser problematizada após escavações arqueológicas terem encontrado uma grande presença indígena, ignorada pelos documentos escritos do século XVII.

Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
b) Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
e) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.



resposta:[C]

37 - São temas e procedimentos da História Demográfica:
a) A análise qualitativa de registros paroquiais, que oferecem informações sobre batismos, casamentos e óbitos de uma dada comunidade, visando a análise de relações de gênero e matrimônio.
►b) A análise quantitativa de registros de eventos vitais (nascimento, batismo, casamento e óbito) de uma determinada sociedade, a fim de analisar processos como natalidade, nupcialidade, mortalidade, escolhas matrimoniais, domicílio, família e migrações.
c) A análise qualitativa de uma grande variedade de documentos produzidos no período imperial, com destaque para os registros paroquiais, devido à relação de padroado que o Estado brasileiro mantinha com a Igreja Católica, o que permite estudar as relações religiosas no Brasil.
d) A análise quantitativa de censos populacionais, que permite traçar comparações entre dados demográficos de natalidade e mortalidade entre sociedades diferentes que viveram em um mesmo período.
e) A análise qualitativa transversal de censos demográficos, aplicados principalmente ao estudo do período colonial no Brasil, no que tange à questão das relações entre senhores e escravos e à questão das condições de vida das populações escravas.


resposta:[B]


38 - Considere o seguinte excerto de texto:
De fato, é possível incorporar uma preocupação social a cada uma das demais dimensões antes citadas como subespecialidades da História e também às várias ‘abordagens’ e ‘domínios’ que veremos a seguir. Mas é também verdade que nem toda História é necessariamente social.
(BARROS, J. D. O campo histórico – considerações sobre as especialidades na historiografia contemporânea. História Unisinos. 9(3):230-242, setembro/dezembro 2005, p. 235).

Assinale a alternativa que demonstra adequadamente a especificidade da História Social quando articulada a um determinado objeto de análise historiográfica.
►a) Uma História Social das Ideias focaliza uma determinada produção intelectual, relacionando-a a um contexto social mais amplo de relações sociais, classes e/ou estamentos, ideologias e formas de sociabilidade.
b) Uma História Social do Conhecimento enfatiza as relações de classe que constituem os meios de produção da informação, opondo-se a uma abordagem cultural da comunicação.
c) Uma História Social da Arte contempla as relações políticas e sociais de grupos artísticos oprimidos, enfocando suas estratégias de resistência no período industrial.
d) Uma História Social das Ideias vislumbra a atuação de intelectuais em seus círculos específicos, almejando aprofundar os sentidos que determinadas obras e ideias obtinham em uma dada época.
e) Uma História Social do Conhecimento analisa as formas de produção e de difusão da ciência e do conhecimento erudito, a fim de mostrar o alijamento das elites em relação ao conhecimento popular.


resposta:[A]

39 - Segundo o historiador Antonio Celso Ferreira, “afirmar que a literatura integra o repertório das fontes históricas não provoca hoje qualquer polêmica, mas nem sempre foi assim. Mais do que isso, nas últimas décadas, os textos literários passaram a ser vistos pelos historiadores como materiais propícios a múltiplas leituras”
(FERREIRA, A. C.“Literatura: A Fonte Fecunda” In PINSKY, C. B.; LUCA. T. R. (orgs.). O Historiador e suas fontes. SP: Contexto, 2011, p. 61).

 Acerca dos temas e de problemas desenvolvidos para analisar a literatura em um trabalho historiográfico, identifique as afirmativas a seguir como verdadeiras (V) ou falsas (F):
( ) A fonte literária deve ser articulada aos contextos sociais e históricos de sua época de produção, demandando a consulta a outros tipos de fontes contemporâneos a ela.
( ) A recepção crítica da fonte analisada, a relação entre o texto estudado e as dimensões culturais de uma dada sociedade, a criação de representações sociais presentes no texto, dentre outros fatores, são elementos
explorados em uma análise historiográfica.
( ) Os diferentes papéis assumidos pela literatura em um dado tempo e em uma dada sociedade na formação de instituições literárias e nas diversas práticas e de difusão da leitura, além das relações entre a literatura e outras manifestações artísticas ou de cultura de massa, também são temas e problemas da alçada dos historiadores.
( ) O trabalho historiográfico deve partir do instrumental oferecido pela semiótica, enfatizando a análise interna dos textos.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo.
a) V – V – F – F.
b) V – V – V – F.
c) F – F – F – V.
d) F – F – V – V.
e) V – F – V – F.




resposta:[B]


40 - (...) a História Comparada pergunta simultaneamente: ‘o que observar?’ e ‘como observar?’. E dá respostas efetivamente originais a essas duas indagações.
(BARROS, J. D. História comparada: da contribuição de Marc Bloch à constituição de um moderno campo historiográfico. Revista História Social. Campinas-SP: Unicamp, n. 13, p. 07-21, 2007, p. 10.)

É correto afirmar que a História Comparada:
a) relaciona ao menos duas diferentes sociedades em períodos distintos a partir do estudo de um aspecto comum a elas, partindo do princípio de que todas as sociedades são comparáveis.
b) consiste na comparação de sociedades a partir do eixo temático de civilizações em diferentes épocas e lugares, oferecendo um panorama amplo dos diversos tipos de sociedade.
c) utiliza o comparativismo histórico para produzir relações e sínteses sobre a História Social e Econômica do mundo.
d) centra-se na análise das relações internacionais e diplomáticas sincrônicas de países em um dado período de tempo.
e) realiza a comparação de sociedades com certa contiguidade espacial e temporal, analisando influências mútuas que, juntas, oferecem uma visão clara de um problema comum que as atravessa.



resposta:[E]

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