terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Correção da Fuvest 2013 (2ª fase) História

História Geral - Fuvest 2013 - 2ª fase - 3º Dia
  



Ricardo Palermo, professor de história geral do CPV Vestibulares, comenta o vestibular da Fuvest 2013.



História do Brasil - Fuvest 2013 - 2ª fase - 
3º Dia

 


Wanderley Scatolin, professor de história do Brasil do CPV Vestibulares, comenta o vestibular da Fuvest 2013.
 
 
H.01

 Leia o texto e examine a imagem.




Abadia de Terranova (Itália), interior, iniciada em 1187 e consagrada em 1208.
 

A arte gótica reúne e desenvolve os fermentos [...] e os organiza em sistema; é esse sistema tem um lugar seguro na mais vasta organização do saber.
G. C. Argan. História da arte italiana. Da Antiguidade a Duccio. São Paulo: Cosac Naif, 2007, v. 1, p. 337, adaptado).
 

a) Identifique, a partir da imagem, dois elementos característicos do chamado estilo gótico.

b) Do ponto de vista cultural, apresente e explique uma característica do “sistema”, que, segundo o texto, “tem um lugar seguro na mais vasta organização do saber”.



Resolução
a) Presença dos arcos góticos ou ogivais, aumentando a impressão de verticalidade da edificação; e vitrais coloridos, através dos quais penetra a luz exterior, iluminando o interior do templo.
 
b) Pelo ponto de vista do autor, o estilo gótico aglutina os elementos da religiosidade que permitiram, à Igreja medieval, influenciar não só o pensamento e a cultura da época, mas a própria vida política e social, integrando o plano geral do saber.


H.02
Representando apenas 19,6% das exportações brasileiras em 1822 (com a média de 18,4% nos anos 1820), o café passou a liderar as exportações brasileiras na década dos 1830 (com 28,6%), assumindo assim o lugar tradicional mente ocupado pelo açúcar desde o período colonial. Nos meados do século XIX, passava a representar quase a metade do valor das exportações e, no último decênio do período monárquico, alcançava 61,5%. Já a participação do açúcar no quadro dos valores das exportações brasi leiras passou de 30,1%, na década de 1820, a apenas 9,9%, nos anos 1880. O algodão alcançava 20,6%, na década de 1820, cifra jamais alcançada depois, em todo o período monárquico.
Com exceção dos anos da guerra civil americana, que se refletiram na elevada partici pa ção do produto no conjunto das exportações dos anos 1870 (18,3%), verifica-se o declínio das exportações que, nos anos 1880, têm uma participação de apenas 4,2%. O comportamento das exportações de fumo revela que essas oscilaram em torno de baixas percentagens, durante todo o período monárquico. Alcançando 2,5% do valor global das exportações na década de 1820, decaiu, nas duas décadas seguintes (1,9% para os anos 1830 e 1,8% para os anos 1840). Na segunda metade do século, melhorou a posição do fumo no conjunto das exportações, tendo alcançado, nos anos 1860 e 1870, as maiores percentagens do período, com 3% e 3,4%. A participação do cacau no conjunto das exportações nacionais cresceu de 0,5% na década de 1820 para 1,6% na última década da monarquia, a mais alta porcentagem do período.
Sérgio Buarque de Holanda (org.). História geral da civilização brasileira. II. O Brasil Monárquico. 4. Declínio e queda do império. Rio de Janeiro: Difel, 1985, p. 119-126. Adaptado.
 

Com base no texto, responda ao que se pede:
a) Elabore um gráfico das exportações brasileiras de café, açúcar e algodão no período monárquico, incluindo os respectivos dados percentuais (aproximados).
b) Qual foi o principal produto de exportação brasileiro, respectivamente, nas décadas de 1820, 1830 e 1880?


Resolução
a) 

b) Década de 1820: açúcar.
Décadas de 1830 e 1880: café.


H.03
 

Observe a foto abaixo, tirada do Gueto de Varsóvia, em 1943, durante a ocupação nazista na Polônia.




Mendel Grossman. With a Camera in the Ghetto. Tel-Aviv, Hakibbutz Mameuchad, 1972, p. 47.
 
a) Por que o menino porta uma estrela nas costas e o que essa estrela representava nas zonas de domínio nazista?
b) Explique a dinâmica de funcionamento do Gueto de Varsóvia e o que ele representou na dominação nazista da Polônia.
 

Resolução
a) Os israelitas, em todas as áreas da Europa sob controle nazista (exceto na Dinamarca), eram obrigados a usar a estrela de Davi – símbolo do povo judeu – amarela, para identificação de sua origem étnica e consequentemente sujeitá-los às medidas discriminatórias determinadas pelas autoridades.
 
b) O Gueto de Varsóvia reunia a comunidade judaica da capital polonesa e adjacências. Em sua origem, era um bairro medieval; mas, durante a ocupação alemã na Polônia, sofreu um processo de superpovoamento. Nesse período, possuía autonomia interna e até policiamento próprio. Os abastecimentos vinham de fora, tendo sofrido restrições com o passar do tempo. O contato com o exterior era proibido. Por causa do programa de extermínio dos judeus, o Gueto de Varsóvia começou a ter parte de seus habitantes retirada pelos nazistas para envio aos campos de extermínio. Isso desencadeou a revolta dos judeus contra os alemães, deflagrando uma luta que terminou com a destruição do Gueto e a morte de todos os seus combatentes. Por tudo isso, o Gueto de Varsóvia tornou-se um símbolo do Holocausto e da resistência contra a dominação nazista.
    


H.04
Leia os textos abaixo:
Coube ao Gen. Mourão Filho, Cmt. da 4a Região Militar, essa histórica iniciativa, a 31 de março, nas altaneiras montanhas de Minas. E a Revolução, sem que tivesse havido elaboradas articulações prévias entre os Chefes Militares, – não teria havido tempo para isto – empolga o Exército, a Marinha e a Aeronáutica, para ter seu epílogo às 11h45min do dia 2 de abril, no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, com a partida do ex-Presidente João Goulart para o estrangeiro.
 
M. P. Figueiredo. A Revolução de 1964. Um depoimento para a história pátria. Rio de Janeiro: APEC, 1970, p. 11-12. Adaptado.
 
Lembro-me bem do dia 31 de março de 1964. Era aluno do curso de Sociologia e Política da Faculdade de Ciências Econômicas da antiga Universidade de Minas Gerais e militava na Ação Popular, grupo de esquerda católica [...] No dia seguinte, 1o de abril, já não havia dúvida sobre a vitória do golpe. Saí em companhia de colegas a vagar pelas ruas de Belo Horizonte [...]
Contemplávamos, perplexos, a alegria dos que celebravam a vitória e assistíamos, assustados, ao início da violência contra os derrotados.
J. M. de Carvalho. Forças Armadas e Política no Brasil. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2005, p. 118.
 
a) Que denominação cada autor utilizou para se referir ao regime instaurado após 31 de março de 1964? A que se deve essa diferença de denominação?
b) Tal diferença se relaciona com a criação da Comissão da Verdade em 2012? Justifique.
 


Resolução
a) M. P. Figueiredo chama o movimento de 64 de “revolução” porque, em seu entender, tinha como objetivo precípuo modificar os rumos seguidos pelo País no governo Goulart, identificados como sendo um processo de esquerdização e subversão. Devese acrescentar que em 1970, quando o livro foi publicado, o Brasil vivenciava o auge da repressão da ditadura militar (governo Médici), durante o qual o termo “golpe” sequer podia ser veiculado.  J. M. Carvalho considera o movimento de 64 um “golpe” por entender que ele constituiu uma quebra das instituições democráticas por meio da força, alterando a regularidade do processo constitucional brasileiro. Deve-se acrescentar que a obra desse autor foi publicada em 2005, em um contexto no qual o termo “revolução” fora inteiramente abandonado, até mesmo pelos defensores daquele episódio de nossa História.
b) Sim, pois a Comissão da Verdade parte do princípio de que o movimento de 64 constituiu um golpe – o que o torna ilegítimo em sua origem –, contaminando com essa ilegitimidade toda a atuação de seus agentes. Daí o fato de que o objetivo da Comis são seja investigar a ação coercitiva da ditadura militar contra seus opositores.
     



H.05
Não esqueçamos que o processo de formação de um povo e de uma civilização gregos não se desenrolou segundo um plano premeditado, nem de maneira realmente consciente. Tentativa, erro e imitação foram os principais meios, de tal modo que uma certa margem de diversidade social e cultural, amiúde muito marcada, caracterizou os inícios da Grécia. De fato, nem o ritmo nem a própria direção da mudança deixaram de se alterar ao longo da história grega.  
Moses I. Finley. O mundo de Ulisses.  3ª ed. Lisboa: Presença, 1998, p.16.
 

a) Indique um elemento “imitado” de outros povos e sociedades que teria estado presente nos “inícios da Grécia”.
b) Ofereça pelo menos dois exemplos do que o autor chama de “diversidade social e cultural”, que “caracterizou os inícios da Grécia”.
 

Resolução
a) Prática do comércio marítimo e adoção de certos mitos (como o do Minotauro), imitados da civilização cretense.
b) Exemplos da “diversidade social e cultural que caracterizou” os “inícios da Grécia”: Diferenças entre Esparta e Atenas: a primeira, com uma sociedade estratificada baseada na origem étnica de suas camadas sociais, uma educação que privilegiava a militarização e uma mentalidade conservadora; a segunda, com uma sociedade organizada segundo critérios econômicos, uma educação que privilegiava a formação intelectual e uma mentalidade progressista, aberta às inovações.


H.06
A Revolução Mexicana, iniciada em 1910, arrastou-se por quase dez anos e envolveu diversos projetos políticos e sociais.
 
a) Identifique e analise uma das principais reivindicações dos zapatistas durante essa Revolução.
b) Cite e analise duas das principais mudanças sociais trazidas por essa Revolução.
 

Resolução
a) Reforma agrária, segundo o Plano de Ayala apresentado por Emiliano Zapata. Tratava-se de uma reivindicação das massas camponesas de origem predominantemente indígena, cuja exclusão econômica e social fora agravada durante o Porfiriato – período imediatamente anterior à Revolução.
b) Incorporação das camadas populares ao processo político, como decorrência da maciça participação dos camponeses na Revolução; e redistribuição da terra a uma parte do campesinato, graças à reforma agrária de 1917.


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