quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Conheça a importância histórica dos quilombos em Mato Grosso




O professor de História, Edenilson Morais fala sobre a importância histórica da formação de quilombos em Mato Grosso e pra inicio de conversa é interessante que você tenha em mente que assim como ocorreu em todo o Brasil, também aqui em Mato Grosso o número de quilombos foi bastante expressivo ao longo do período de vigência da escravidão. O mais famoso de todos eles foi o Quilombo do Piolho ou Quariterê, localizado as margens do rio Guaporé e instalado entre 1770/1771, constituindo-se como uma aldeia composta por elementos de variadas etnias, além de negros, tínhamos também muitos índios e mestiços habitando essa comunidade quilombola.
Na época em que fora destruído pelas expedições enviadas pelas autoridades da capitania de Mato Grosso, quem governava esse quilombo era Tereza de Benguela, conhecida entre os quilombolas como “Rainha Tereza”.
Pouco tempo após a destruição desse quilombo, o capitao-general de Mato Grosso, João de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, ordenou a criação de uma aldeia no exato lugar onde, antes, existia o Quilombo do Piolho. Para isso, libertou vários casais de velhos escravos e os enviou para o local que recebeu o nome de Aldeia Carlota, em homenagem à rainha de Portugal, D. Carlota Joaquina.
Outros quilombos importantes foram instalados na região de Chapada dos Guimarães, principalmente na segunda metade do século 19. Um dos mais importantes quilombos de que se teve notícia estava situado nessa região, às margens do rio Manso.
Foi na década de 1870 que as notícias da existência dos quilombos chapadenses foram divulgadas com grande intensidade, isso no momento histórico em que já estavam em franco avanço as leis abolicionistas, responsáveis pela abolição da escravatura.
Outro quilombo localizado na região foi o do Cansanção, que causava temor a população chapadense devido aos constantes ataques ás propriedades rurais da região.
Vale lembrar ainda que os quilombos eram constituídos não somente de escravos africanos, mas também de homens livres pobres, dentre os quais se incluem soldados desertores e até mesmo criminosos fugitivos da lei, isso sem falar nos indígenas que também marcava presença nos quilombos.
As autoridades governamentais realizavam constantes expedições militares para combater os quilombos.
Somente no fim da década de 1870 é que os quilombos da região da Chapada foram severamente perseguidos e os quilombolas, quando aprisionados, eram inquiridos pelas autoridades, com o objetivo de se obter mais informações sobre esses redutos de resistência.
Mesmo tendo alguns quilombos sofrido perseguições e até mesmo destruição total, sua proliferação no território matogrossense foi uma realidade presente até a véspera da abolição. Esse fenômeno social marcou profundamente a reação da camada mais pobre da sociedade, pois os quilombos, antes de se apresentarem apenas como um refugio de negros escravos, representou o espaço conquistado pelos excluídos, ou seja, negros, brancos pobres e índios.

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