sábado, 2 de outubro de 2010


Eleições e Política Externa

Pio Penna Filho

Professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) e Pesquisador do CNPq. E-mail: piopenna@gmail.com

Estamos nos aproximando do segundo turno das eleições de 2010. No dia 31 deste mês os eleitores brasileiros retornarão às urnas para decidir quem será o próximo presidente do Brasil. Uma data importante e decisiva para os próximos 4 anos da vida da nação.
Dentre as várias atribuições do presidente da República está a de representar o país nas relações internacionais. Mas não só. Cabe, também ao presidente, assessorado pelo Ministério das Relações Exteriores, formular e executar a política externa do país.
Infelizmente, não existe entre nós, brasileiros, nem a tradição e nem o costume de nos preocuparmos com a nossa política externa. Na verdade, ela só aparece quando o fato está consumado ou quando se trata de algum aspecto polêmico, que logo ganha a graça da mídia, como foi o caso, por exemplo, da aproximação do Brasil com o Irã.
Na campanha para a presidência da República o assunto também é pouco contemplado por parte dos partidos políticos e dos candidatos. À parte uma ou outra declaração, geralmente marcada pela ambiguidade ou por um caráter essencialmente generalizante, quase nada nos dizem sobre o que pretendem fazer no plano da política externa.
Considerando que o Brasil é um ator que vem ganhando cada vez mais espaço e importância no âmbito das Relações Internacionais, já chegou a hora de nos preocuparmos mais com a nossa política externa. E, como dito acima, ela depende essencialmente de quem escolhermos para a presidência, uma vez que é função do presidente formular e executar a política externa da nação.
Os dois candidatos que estão disputando o segundo turno das eleições presidenciais defendem programas políticos distintos e partem de diferentes visões de mundo. No campo externo, esse aspecto fica ainda mais evidente. Portanto, é preciso refletir sobre isso quando da escolha do futuro líder do país, haja vista que a ele caberá a função de representante do Estado no plano internacional.
Para ilustramos um pouco mais sobre a responsabilidade do chefe de Estado no campo externo, basta dizer que a inserção internacional de um país pode ter um resultado extremamente benéfico para o mesmo, em termos de ganhos políticos e de atração de investimentos, ou seja, mais desenvolvimento, ou pode ter como resultado o aumento da desconfiança, do isolamento e, consequentemente, de prejuízos financeiros e econômicos. Tudo depende muito, pois, da visão do homem de Estado que está conduzindo o seu país e sua inserção internacional.
Quando refletimos sobre o contexto internacional dos dias de hoje existem ainda outros aspectos que demonstram a relevância e a necessidade de uma inserção internacional mais positiva e arrojada por parte de países que, como o Brasil, já atuam no primeiro escalão dos atores internacionais.
Estamos, pois, num momento decisivo para o nosso futuro como um país cada vez mais respeitado e relevante no cenário internacional. É importante, portanto, que os eleitores pensem e reflitam também no que diz respeitos às propostas de política externa que os candidatos a presidência do Brasil apresentaram para a sociedade.

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