domingo, 12 de setembro de 2010

Primeiro Ano - CNDL
Colégio Notre Dame de Lourdes
Coleção Pitágoras
Terceiro bimestre - História do Brasil
Capítulo 2
Os caminhos da política imperial: da transferência da Corte à Independência do Brasil
Conheça as histórias e os amores de Dom Pedro


Análise e interpretação: versões, opiniões e fontes diversas

Leia o texto a seguir.

O quadro político e institucional da independência do Brasil não é menos conturbado e contraditório do que foi a transição econômica, e a ambiguidade da passagem do Brasil de colônia para nação independente é melhor exemplificada na enigmática pessoa de D. Pedro e dos abortados planos de reformas propostos por José Bonifácio. D. Pedro era, a uma só vez, o herói que havia emancipado o Brasil de Portugal e o governante temporário que no prazo de uma década voltou para Portugal para lutar na guerra civil contra seu irmão, assegurando, assim, que sua filha se tornasse a rainha de Portugal. Ele era um rei demasiado “liberal” para os padrões da Santa Aliança na Europa, mas muito “despótico” para muitos brasileiros, sobretudo para os republicanos de Pernambuco que se insurgiram em duas ocasiões para repudia-lo. Seu papel, conforme o perfil traçado pela historiografia portuguesa, é de um defensor do “constitucionalismo”, de uma imagem totalmente incompatível com aquela traçada pela historiografia brasileira, em que ele foi o governante que rejeitou a Constituição e demitiu José Bonifácio e seus irmãos, líderes da pequena minoria de brasileiros que queriam reformas fundamentais.

Charge de Dom Pedro, às vésperas Independência do Brasil.


Charge alusiva à disputa entre D. Pedro e D. Miguel pelo trono português.
É vital reconhecer, portanto, que no 7 de setembro de 1822, nas margens do Ipiranga, nos arredores de São Paulo, quando D. Pedro, herdeiro do trono português, gritou “Independência ou Morte”, estava exagerando. A questão, em setembro de 1822, não era certamente a “morte” e, apenas indiretamente, a “independência”. O Brasil havia sido independente, para todas as intenções de propósitos, desde 1808: desde 16 de dezembro de 1815 fazia parte de um reino unido, em pé de igualdade com Portugal. O que estava em jogo no início da década de 1820 era mais uma questão de monarquia, estabilidade, continuidade e integridade territorial do que revolução colonial [...]
A questão importante a respeito do Brasil é, portanto, que ele se tornou econômica e politicamente independente entre 1808 e 1820, enquanto desempenhava o papel de centro do Império Luso-Brasileiro. Tornou-se “independente” em 1822 apenas depois do fracasso da experiência de centro imperial, ao qual dos súditos da monarquia portuguesa na Europa, África e Ásia voltavam o olhar em busca de liderança. Essa circunstância pouco comum explica por que em 1820 foi Portugal que declarou sua “independência” de Portugal. O “Manifesto da Nação Portuguesa aos soberanos e povos da Europa”, que foi promulgado pelos rebeldes do Porto em 1820, soava como muitas declarações de independência dos estados coloniais e continha muitas das mesmas queixas; a única diferença era que esse manifesto fora promulgado por rebeldes de uma cidade na Europa, e não por rebeldes de algum porto colonial na América. O manifesto do Porto declarava: Os portugueses começam a perder as esperanças para com o único recurso e meio de salvação que lhes foi deixado em meio à ruína que quase consumiu sua querida terra natal. A ideia do stutus de colônia ao qual Portugal tem sido como efeito reduzido, aflige profundamente todos aqueles cidadãos que ainda conservam o sentimento de dignidade a partir do Brasil para os povos leais da Europa, o que implica numa distância de duzentas léguas e excessivo custo e demora [...].

MAXWELL, Kenneth. Por que o Brasil foi diferente? O contexto da independência. In: MOTA, Carlos Guilherme, (org.) Viagem incompleta. A experiência brasileira. Formação: histórias. São Paulo: Editora SENAC, 2000, p. 186-8.

5. O autor apresenta uma tese bastante inovadora em relação à independência do Brasil. Explique a posição do autor tanto no que se refere ao Brasil quanto no diz respeito a Portugal no processo de emancipação de nosso país.

Resposta: Na opinião do autor. o Brasil já estava independente de Portugal desde 1808 e de 1815. Em 1820, foi Portugal que declarou sua independência do Brasil.

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