terça-feira, 28 de setembro de 2010


Eleições na Venezuela

Pio Penna Filho*
* Professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) e Pesquisador do CNPq. E-mail: piopenna@gmail.com


As eleições parlamentares na Venezuela, ocorridas no domingo passado, significaram uma renovação importante na política do país. Tanto o governo quanto a oposição declararam vitória após a divulgação dos resultados do pleito, mas quem sai vitorioso mesmo é o povo da Venezuela, que teve mais uma oportunidade de manifestar-se sobre os destinos do seu país.


Em primeiro lugar, trata-se de uma prova de que não se pode dizer que a República Bolivariana da Venezuela seja governada por uma ditadura. Embora o regime chavista disponha de vários instrumentos legais que beiram o autoritarismo, como o controle que tenta impor sobre os meios de comunicação, ele não suprimiu pura e simplesmente o jogo democrático da vida política do país.


Prova do exercício da democracia é que a oposição conquistou vários assentos no parlamento tendo, indiscutivelmente, ganhado do governo em vários estados. Isso tem uma série de implicações para o governo, sobretudo a médio e longo prazos. Chávez não conta mais, por exemplo, com a chamada maioria qualificada para fazer qualquer alteração constitucional. De agora em diante terá que compor, que negociar com a oposição parlamentar.


A oposição, por sua vez, volta à cena política com mais força e vigor. A “avalanche” chavista produziu, depois de muitos anos, a união da oposição, que juntou forças para se fazer representar com mais peso no parlamento. Mesmo com todo o controle social exercido pelo governo, principalmente nos meios de comunicação, e com as políticas sociais que beneficiam as populações mais carentes, a oposição conseguiu bons resultados nas urnas.




Em parte, o relativo sucesso alcançado pelos partidos e movimentos de oposição se explica pelas deficiências da economia venezuelana e seus impactos sociais. A crise da economia mundial em 2008/2009, a queda dos preços do petróleo no mercado internacional e alguns importantes entraves produzidos pela própria política chavista resultaram no acirramento da crise venezuelana.


Racionamento de energia, aumento do preços, aumento do desemprego, recessão, esse fatores colocaram o governo de Hugo Chávez contra a parede e revelaram a extensão da crise. Nesse pleito ficou claro a exploração eleitoral da crise, que acabou se constituindo num poderoso elemento no discurso oposicionista.

Enquanto parte dos países da América do Sul apresenta um quadro de crescimento expressivo do produto interno bruto, a Venezuela patina, ou melhor, declina. E isso apesar de todo o petróleo de que dispõe. Na verdade isso revela como o Estado venezuelano é deficiente em termos de economia, e isso como resultado não apenas do governo Chávez, mas de muitos governos que não conseguiram superar os entraves e gargalos da economia da Venezuela, muito dependente das exportações de petróleo.


Em termos políticos o processo eleitoral é um bom sinal de que a democracia ainda vigora no país. A renovação política e a atuação da oposição no parlamento certamente farão com que o país caminhe com mais segurança no difícil caminho do desenvolvimento econômico, da estabilidade política e da justiça social.

domingo, 26 de setembro de 2010

Friedenreich: o craque que foi para a guerra

Conheça a história da participação de batalhões de esportistas na Revolução Constitucionalista de 1932, em São Paulo.
Conheça a história do homem que revolucionou o rádio no Brasil na primeira metade do século passado


Ademar Casé modernizou o rádio no Brasil.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Terceiro Ano - CNDL
Colégio Notre Dame de Lourdes
Terceiro Bimestre
Coleção Pitágoras

A BAIXA IDADE MÉDIA

Por: Jailson Marinho

I. Origens

O feudalismo europeu é resultado da síntese entre a sociedade romana em decadência e a sociedade bárbara em evolução. Esta síntese resulta nos chamados fatores estruturais para a formação do feudalismo.

Roma contribui para a formação do feudalismo através dos seguintes elementos:
-a "villa", ou o latifúndio auto-suficiente; -o desenvolvimento do colonato, segundo o qual o trabalhador ficava preso à terra;
-a Igreja Cristã, que se tornará na principal instituição medieval. A crise romana reforça seu poder político local e consolida o processo de ruralização da economia.

Os "Bárbaros" contribuem com os seguintes elementos:
-uma economia centrada nas trocas naturais;
-o comitatus, instituição que estabelecia uma relação de fidelidade e reciprocidade entre os guerreiros e seus chefes;
-a prática do chamado benefício ( beneficium ), dando imunidade ao proprietário deste;
-o direito consuetudinário, isto é, os costumes herdados dos antepassados possuem força de lei.

Além destes elementos estruturais ( internos ), contribuíram também os chamados elementos conjunturais ( externos ) , que foram as Invasões Bárbaras dos séculos VIII ao IX
os normandos e os muçulmanos.

Os normandos efetuam um bloqueio do mar Báltico e do mar do Norte e os muçulmanos realizam o bloqueio do mar Mediterrâneo. Estas invasões aceleram o processo de ruralização européia - em curso desde o século III - acentuando a economia agrária e auto-suficiente.

II. Estruturas feudais.

ESTRUTURA ECONÔMICA: a economia era basicamente agro­pastoril, de caráter auto-suficiente e com trocas naturais. O comércio, embora existisse, não foi a atividade predominante.

As terras dos feudos eram divididas em três partes:
-terras coletivas ou campos abertos: de uso comum, onde se recolhiam madeira, frutos e efetuava-se a caça. Neste caso, temos uma posse coletiva da terra.
- reserva senhorial - de uso exclusivo do senhor feudal - é era a propriedade privada do senhor.
- Manso servil ou tenência: terras utilizadas pelos servos. Serviam para manter o sustento destes e para cumprimento das obrigações feudais.

O caráter auto-suficiente da economia feudal dava-se em virtude da baixa produtividade agrícola.

O comércio, embora não fosse a atividade predominante, existia sob duas formas: o comércio local -onde realizava-se as trocas naturais; e o comércio a longa distância -responsável pelo abastecimento de determinados produtos, tais como o sal, pimenta, cravo, etc... O comércio a longa distância funcionava com trocas monetárias e, à partir do século XII terá um papel fundamental na economia européia.

ESTRUTURA POLÍTICA

O poder político era descentralizado, ou seja, distribuído entre os grandes proprietários de terra ( os SENHORES FEUDAIS). Apesar da fragmentação do poder político, havia os laços de fidelidade pessoal ( a vassalagem). Por esta relação estabelecia-se o contrato feudo-vassálico, assim caracterizado:

Homenagem: juramento de fidelidade do vassalo para com o seu suserano;
Investidura: entrega do feudo do vassalo para o suserano.
O suserano ( aquele que concede o feudo ) deveria auxiliar militarmente seu vassalo e também prestar assistência jurídica.

O vassalo ( aquele que recebe o feudo e promete fidelidade) deve prestar o serviço militar para o suserano e comparecer ao tribunal por ele presidido.

ESTRUTURA SOCIAL

A sociedade feudal era do tipo estamental, onde as funções sociais eram transmitidas de forma hereditária. As relações sociais eram marcadas pelos laços de dependência e de dominação. Os estamentos sociais eram três:

CLERO: constituído pelos membros da Igreja Católica. Dedicavam­se ao ofício religioso e apresentavam uma subdivisão: -Alto clero- formado por membros da nobreza feudal (papa, bispo, abade) -Baixo clero- composto por membros não ligados à nobreza ( padre, vigário ).

NOBREZA: formada pelos grandes proprietários de terra e que se dedicavam à atividade militar e administrativa.

TRABALHADORES: simplesmente a maioria da população. Os camponeses estavam ligados à terra ( servos da gleba ) sendo obrigados a sustentarem os senhores feudais.
Assim, o clero formava o 1º Estado, a nobreza o 2º Estado e os trabalhadores o 3º Estado.
O Sistema feudal também apresentava as chamadas obrigações feudais, uma conjunto de relações sociais onde os servos eram explorados pelos senhores feudais.

As principais obrigações feudais eram:

1) CORVÉIA: obrigação do servo de trabalhar nas terras do senhor(manso senhorial). Toda produção de seu trabalho era do proprietário.
2) TALHA: obrigação do servo de entregar parte de sua produção na gleba para o senhor feudal.
3) BANALIDADES: pagamento feito pelo servo pelo uso de instrumentos e instalações do feudo ( celeiro, forno, estrada...).

CRISE DO FEUDALISMO

A crise do Sistema Feudal tem sua origem no século XI e está relacionada ao crescimento populacional. Este, por sua vez, está relacionado a um conjunto de inovações técnicas, tais como o uso da charrua ( máquina de revolver a terra ), o peitoril ( para melhor aproveitamento da força do cavalo no arado ), uso de ferraduras e o moinho d'água.

A estas inovações técnicas, observa-se uma expansão da agricultura, com a ampliação de áreas para o cultivo ( conquista dos bosques, pântanos...). Sabendo-se que a produtividade agrícola era baixa- mesmo com as inovações acima- o crescimento populacional acarreta uma série de problemas sociais: o banditismo, aumento da miséria, guerras internas por mais terras... As Cruzadas foram, neste contexto, uma tentativa para solucionar tais problemas.

AS CRUZADAS
Foram convocadas pelo papa Urbano II, em 1095, com o objetivo oficial de libertar a Terra Santa ( Jerusalém ) do domínio muçulmano. No entanto, outros fatores contribuíram para a organização das Cruzadas: canalizar o espírito guerreiro dos nobres para o oriente; o ideal de peregrinação cristã; o interesse econômico em algumas regiões do oriente e a necessidade de exportar a miséria-em virtude do crescimento populacional.

As principais conseqüências das Cruzadas foram:
-reabertura do mar Mediterrâneo e o desenvolvimento do
intercâmbio comercial entre o Ocidente e o Oriente;
-fortalecimento do poder real, em virtude do empobrecimento Dos senhores feudais;
-o renascimento urbano.

Renascimento Comercial
As Rotas

O comércio de produtos na Europa desenvolve-se em dois centros:
No Norte da Europa, onde a Liga Hanseática -união de cidades alemãs- através dos mares do Norte e Báltico, monopolizava o comércio de peles, madeiras, peixes secos, etc...
Na Itália, onde cidades como Veneza e Gênova, monopolizavam o comércio de produtos vindos do Oriente, como a seda, cravo, canela, etc...

Estes centros comerciais eram interligados por rotas terrestres, sendo que a mais importante era a de Champagne.

As feiras

Contribuíram para a dinamização do comércio e das trocas monetárias. Desenvolveram-se no encontro de rotas comerciais ( os nós de trânsito ). A principal feira ocorria na cidade de Champagne, na França.

Renascimento Urbano

O intenso desenvolvimento comercial colaborou para o desenvolvimento das cidades medievais e de uma nova classe social, a burguesia.
A burguesia inicia uma luta pela emancipação das cidades dos domínios do senhor feudal ( movimento comunal ).

No interior das cidades ( Burgos ), a produção urbana estava organizada nas chamadas Corporações de Ofício. ( Guildas na Itália ). O principal objetivo destas organizações era regulamentar a produção, defendendo o justo preço e praticando o monopólio.
O interior da Corporação de Ofício apresentava uma divisão hierárquica, a saber: o mestre, o aprendiz e o jornaleiro - pessoa que recebia por uma jornada de trabalho.

FORMAÇÃO DAS MONARQUIAS NACIONAIS

A formação das Monarquias Nacionais está associada à aliança entre a burguesia comercial e o rei, efetivada no final da Baixa Idade Média.

O interesse da burguesia nesta aliança era econômico, pois o senhor feudal era um obstáculo para o desenvolvimento de suas atividades: impostos excessivos, pesos e medidas não padronizados e ausência de unificação monetária.

Já o rei, que buscava centralizar o poder político, a classe de senhores feudais representava seu principal obstáculo ( lembre-se que o poder político feudal era fragmentado ). Para fazer valer sua autoridade era necessário a criação de um exército, formado por mercenários.

Assim, a burguesia comercial passa a financiar a montagem deste exército. O rei passa a superar o senhor feudal e a impor sua vontade. A centralização do poder político implica na unificação econômica: padronização de pesos, medidas e monetária -incentivando as trocas comerciais. A Monarquia passa a criar as Companhias de Comércio, onde o monopólio da atividade comercial ficará a cargo da burguesia.

Monarquia Nacional - caso francês.

DINASTIA DOS CAPETOS: substituição das obrigações feudais por tributos pagos à Coroa, criação de um Exército Nacional.
Durante a Guerra dos Cem Anos ( 1337/1453 ), a nobreza feudal se enfraquece, colaborando para o fortalecimento do poder real.
Filipe Augusto (1180/1223 ) -iniciou a luta contra o domínio inglês;
Luís IX ( 1226/1270) - organização da justiça real;
Filipe IV, o Belo ( 1285/1314 ) - entrou em choque com o Papado, episódio conhecido como o Grande Cisma, quando transferiu a sede do Papado para Avignon.

A CRISE DO SÉCULO XIV

O final da Idade Média é marcado por uma séria crise social, econômica e política - a denominada tríada: a Guerra dos Cem Anos, a Peste Negra e a fome, responsáveis pelas revoltas camponesas.

CRISE SÓCIO-ECONÔMICA: Como vimos, a partir do século XI, houve uma expansão da agricultura. Ocorre que as terras de boa qualidade ficam cada vez mais raras, acarretando uma diminuição na produtividade. Soma-se a isto, uma série de transformações climáticas na Europa, responsáveis pela perda de colheitas e gerando uma escassez de alimentos e períodos de fome (1315 a 1317, 1362, 1374 a 1438 ).

Enfraquecida pela fome, a população européia fica vulnerável às epidemias, como no caso da Peste Negra, trazida do Oriente. Calcula-se que um terço da população européia desapareceu.

A epidemia, aliada às sucessivas crises agrícolas, provoca uma enorme escassez de mão-de-obra, levando os servos a fazerem exigências por melhores condições de vida. Muitos servos conseguiam comprar a sua liberdade. Em algumas regiões, no entanto, às exigências dos servos foram seguidas pelo aumento dos laços de dependência, acarretando as revoltas camponesas.

Tanto em um caso - abertura do sistema, quando o servo adquire a sua liberdade; como no outro -fechamento do sistema, quando os laços de dependência são ampliados - o resultado será o agravamento da crise feudal e o início de um novo conjunto de relações sociais.

CRISE POLÍTICA: O período medieval foi marcado pelos conflitos militares, dada a agressividade da nobreza feudal. Entre estes conflitos, A Guerra do Cem Anos ( 1337/1453 ) merece destaque.

A Guerra dos Cem Anos ocorreu entre o reino da França e o reino da Inglaterra, motivada por motivos políticos -a sucessão do trono francês entre Filipe de Valois e Eduardo III, rei da Inglaterra; e motivos econômicos -a disputa pela região da Flandres, importante área produtora de manufaturas.

Ao longo do combate, franceses e ingleses obtiveram vitórias significativas. Entre seus principais personagens, destaque para a figura de Joana d'Arc, que no ano de 1431 foi condenada à fogueira. Após a sua morte os franceses expulsaram os ingleses, vencendo a guerra.

Esta longa guerra prejudicou a economia dos dois reinos e contribuiu para o empobrecimento da nobreza feudal e, consequentemente, o seu enfraquecimento político. Ao mesmo tempo que a nobreza perdia poder, a autoridade do rei ficava fortalecida, beneficiando o processo de construção das Monarquias Nacionais.

A IGREJA MEDIEVAL
A principal instituição medieval será a Igreja Católica. Esta exercia um papel decisivo em todos os setores da vida medieval: na organização econômica, na coesão social, na legitimação da dominação política e nas manifestações culturais.

O clero estava organizado em clero secular ( que vivia no mundo cotidiano em contato com os fiéis ) e o clero regular ( que vivia nos mosteiros, isolando do mundo ) que obedecia regras. Trata-se dos beneditinos, franciscanos, dominicanos, carmelitas e agostinianos.

O topo da hierarquia eclesiática era ( e ainda é ) ocupada pelo papa. Este exercia dois tipos de poderes, o espiritual ( autoridade religiosa máxima) e o poder temporal ( poder político decorrente das grandes extensões de terra que a Igreja possuía ). O exercício do poder temporal levou a Igreja a envolver-se em questões políticas, como a célebre Querela das Investiduras.

Movimentos reformistas

A interferência da Igreja em assuntos políticos, a corrupção eclesiástica, o desregramento moral do clero e a venda de bens eclesiásticos levaram a Igreja a afastar-se de seu ideal religioso.

No século XI surgiu um movimento reformista que buscava recuperar a autoridade moral da Igreja, originado a Ordem de Cluny, que tinha por objetivo seguir as regras da Ordem Beneditina ( castidade, pobreza, caridade, obediência, oração e trabalho ). O papa Gregório VII, que se envolveu na Querela das Investiduras, havia sido um monge desta ordem.

Outras ordens religiosas surgiram, as chamadas Ordens mendicantes, como a dos cartuxos e dos cistercienses. Pregando a pobreza absoluta e vivendo da caridade, surge a Ordem dos Franciscanos e dos Dominicanos.

INQUISIÇÃO

A perda da autoridade moral da Igreja Católica propiciou o desenvolvimento de uma série de doutrinas, crenças e superstições denominadas heresias, que contrariavam os dogmas da Igreja.

Para combater os movimentos heréticos, o papa Gregório IX criou, em 1231, os Tribunais de Inquisição, com a missão de julgar os considerados hereges. Os condenados eram entregues às autoridades administrativas do Estado, que executavam a sentença.

A Inquisição desempenhava um importante papel político, freando os movimentos contrários aos interesses das classes dominantes.

CULTURA MEDIEVAL
Referir-se à Idade Média como a "Idade das Trevas" é um grave erro. Tal concepção representa uma visão distorcida do período medieval. Este preconceito com a Idade Média originou-se no século XVIII com o Iluminismo - fortemente anticlerical.
No entanto, o período medieval foi riquíssimo em atividade cultural.

EDUCAÇÃO: controlada pelo clero católico, que dominava as escolas dos mosteiros, escolas paroquiais e as universidades.
O surgimento e expansão das universidades estão relacionadas com o desenvolvimento das cidades, bem como o surgimento de uma nova classe social: a burguesia comercial.
Os ramos de conhecimento estudados nas universidades medievais eram: Teologia e Filosofia, Letras, Ciências, Direito e Medicina. O ensino era ministrado em latim.

ARTES:

a) Literatura-enaltecer a figura do cavaleiro cristão e suas qualidades: lutar pelo bem público, combater as heresias e defender os pobres, viúvas e órfãos.
Na poesia épica exalta-se os torneios, as aventuras e a defesa do cristianismo, tais como a canção de Rolando (século XI ) e El Cid( século XII).
Na poesia lírica, predomina o tema do amor espiritualizado e idealizado do cavaleiro pela sua amada.
No século XIII, o grande destaque da literatura foi Dante Alighieri, autor da Divina Comédia.

b) Pintura-possuía uma função didática, pois estava associada à divulgação de temas religiosos. Entre os principais pintores medievais, destacam-se Cimabue e Giotto.

c) Escultura-função decorativa e de divulgação dos valores religiosos.

d) Arquitetura-desenvolvimento de dois estilos: o românico e o gótico.
Românico: (séculos XI/XII) -arcos em abóbadas redondos, sustentados por paredes maciças. A catedral de Notre-Dame la Grande em Poitiers é um exemplo deste estilo.
Gótico: ( séculos XII/XVI ) - uso do arco em ponta ou ogival, permitindo a construção de abóbadas bastante amplas. Existência de muitas janelas para melhor iluminação do interior, muito mais amplo que o estilo românico. O gótico está relacionado com o crescimento populacional e o desenvolvimento urbano.

A catedral de Notre-Dame, em Paris, é um exemplo deste estilo.

e) musica: divulgava os valores cristãos. Destaque para Gregório Magno ( 590/604 ) que implantou o canto gregoriano. Na música popular, destaque para as canções trovadorescas, cujos temas eram os ideais cristãos.

CIÊNCIAS E FILOSOFIA

A principal corrente filosófica do período foi a Escolástica, que tinha por objetivo conciliar a razão com a fé. Seus principais representantes foram Alberto Magno ( 1193/1280 ) e Tomás de Aquino ( 1225/ 1274). Este último reconstruiu parte das teorias de Aristóteles, dentro de uma visão cristã, na sua obra Summa Theológica.

No setor científico, Roger Bacon (1214/1294) defensor da observação e da experimentação como norma científica.


quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Estudo indica que Moisés teve ajuda do vento para abrir o Mar Vermelho

Pesquisadores americanos acreditam ter descoberto o exato ponto onde Moisés teria dividido as águas do Mar Vermelho, 3.000 anos atrás, para que o povo judeu pudesse fugir em segurança do faraó egípcio, e também como ele teria conseguido: com uma ajudinha do vento.


"As pessoas sempre foram fascinadas por essa história do Êxodo, indagando se tinha base em fatos históricos", estimou Carl Drews, do Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas, principal autor do estudo, publicado no site da Public Library of Science.


"O que este trabalho mostra é que a descrição das águas se abrindo de fato possui uma base nas leis da física", acrescentou.


A Bíblia descreve como os israelitas "passaram pelo meio do mar no chão seco", com uma parede de água de cada lado, enquanto um forte vento soprava do leste.


Os pesquisadores não podiam simplesmente usar a Bíblia como referência para deduzir a localização geográfica da travessia, porque "embora o autor do Êxodo tenha tentado de fato apontar o local onde Moisés atravessou, infelizmente os nomes usados não são mais reconhecidos", disse o cientista à AFP.



Drews e seu coautor, o oceanógrafo Weiqing Han, da Universidade do Colorado, focaram sua busca pelo local onde a travessia poderia ter ocorrido em um ponto onde há uma faixa de terra na água, descartando lugares considerados anteriormente por outros estudos, como o Golfo de Suez ou em um ponto perto de Aqaba, na atual Jordânia.


A dupla descobriu que, quando o vento sopra, a água pode se levantar e se "dividir" no local da faixa de terra, explicou Drews.


"Um monte de refugiados pode correr pelo meio, e quando o vento para, a água subitamente volta a ficar como antes, atingindo quem estiver no caminho", afirmou.


Drews e Han chegaram a um local no leste do Delta do Nilo, em um sítio arqueológico chamado de Tell Kedua, a norte do Canal de Suez na costa mediterrânea.


Neste ponto, acreditam que um antigo braço do Nilo e uma lagoa costeira um dia tenham formado um 'U' à beira do Mar Mediterrâneo.


Com a ajuda de um satélite, os cientistas fizeram um modelo da área, e modificaram o terreno para que se parecesse com a forma que tinha há 3.000 anos. Depois, preencheram o modelo com água e fizeram vento soprar.


De acordo com seus cálculos, um vento de 100 km/h soprando durante 12 horas teria sido capaz de empurrar a água em até dois metros de profundidade por cerca de quatro horas - tempo suficiente para que Moisés e seu povo atravessassem para a liberdade.


fonte: Agência AFP (Washington)

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Cuba: o fim de uma era?

Pio Penna Filho*
* Professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) e Pesquisador do CNPq. E-mail: piopenna@gmail.com





O regime cubano é um dos poucos da velha ordem bipolar, ideologizada, que sobreviveu ao fim da Guerra Fria. O recente anúncio de reformas pode ser um indicativo de que o regime de Fidel Castro está chegando ao fim e, com ele, o socialismo cubano.
A divulgação que cerca de 500 mil pessoas serão demitidas do serviço público é um sinal forte de que há um desejo de parte dos dirigentes cubanos de rever o sistema construído após a Revolução de 1959. Muitas pessoas estão indignadas com essa guinada, professada por ninguém menos que o próprio Fidel Castro.
No final dos anos 1960, Fidel imprimiu uma política de estatização geral, chamada de “grande ofensiva revolucionária”, por meio da qual estatizou quase todas as atividades econômicas da Ilha. Enquanto existiu a União Soviética, o grande patrocinador externo do regime, a economia, bem ou mal, funcionou. O grande problema para os cubanos veio com o fim do regime soviético, uma vez que lhes tirou uma fonte segura de receitas que ajudava a manter em funcionamento o modelo castrista.
Logo após a desintegração da União Soviética graves problemas econômicos atingiram em cheio a população cubana, mas o regime sobreviveu. Muitos analistas pensaram que seria o fim, que Cuba não resistiria aos impactos negativos da crise econômica, dos racionamentos, da falta de perspectiva no médio e longo prazos, tudo agravado pela política de sanções aplicada pelos Estados Unidos.
Mas estavam errados. Fidel demonstrou uma capacidade política impressionante na condução do Estado cubano. Mesmo com toda a adversidade internacional e repulsa dos países capitalistas, capitaneados pelos Estados Unidos, ele conseguiu manter-se à frente do governo sem que sequer ocorressem grandes distúrbios populares motivados pela falta de perspectiva de melhoria das condições de vida.
Isso só foi possível porque a Revolução trouxe ganhos sociais importantes e reforçou os laços entre a sociedade e o Estado. Por mais que se queira criticar o regime ditatorial produzido pela Revolução, não se pode negar os avanços sociais nos campos da educação e da saúde, por exemplo. Isso criou vínculos que ajudam a explicar o comportamento social da população cubana.
Mas é inegável que o mundo mudou muito com o fim da guerra fria e continua mudando numa intensidade e complexidade cada vez maiores. Tudo indica que Fidel e seus companheiros da jornada revolucionária querem tentar controlar a adaptação da Ilha a esse novo mundo. Sabem que não é possível manter o perfil do Estado que vigorou durante todas essas décadas.
Pelo que se pode deduzir dos discursos e das medidas anunciadas, acontecerá em Cuba uma transição gradativa para um regime mais aberto do ponto de vista econômico, ou seja, gradativamente o capitalismo retornará ao país. E é bem provável que essa transição será controlada ao máximo pelo Estado, justamente para evitar que se perca o controle político do processo. Mas o fato básico é evidente: o “socialismo” cubano parece estar com os dias contados.

domingo, 19 de setembro de 2010

Novas abordagens sobre a escravidão no Brasil

Novas abordagens sobre a escravidão no Brasil

A escravidão, também conhecida como escravismo ou escravatura, foi a forma de relação social de produção adotada, de uma forma geral, no Brasil desde o período colonial até o final do Império. A escravidão no Brasil é marcada principalmente pelo uso de escravos vindos do continente africano, mas é necessário ressaltar que muitos indígenas foram vítimas desse processo.

Os escravos foram utilizados principalmente em atividades relacionadas à agricultura – com destaque para a atividade açucareira – e na mineração, sendo assim essenciais para a manutenção da economia. Alguns deles desempenhavam também vários tipos de serviços domésticos e/ou urbanos.

A escravidão só foi oficialmente abolida no Brasil com a assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888. No entanto, o trabalho compulsório e o tráfico de pessoas permanecem existindo no Brasil atual, a chamada escravidão moderna, que difere substancialmente da anterior.

Os índios e o surgimento da escravidão no Brasil
Não é possível entender o Brasil sem antes entender a escravidão no Brasil, já disse uma grande estudiosa do tema. Antes da chegada dos portugueses a escravatura não era praticada no Brasil. Há grande dificuldade em se analisar a sociedade e os costumes indígenas devido à diferença entre a nossa cultura e a dos índios, e ainda hoje existem fortes preconceitos em torno da temática, sem contar a falta de dados, da diversidade de documentos escritos e da dificuldade de se obtê-los. Os europeus, quando aqui chegaram, encontraram uma população bastante parecida em termos culturais e linguísticos. Esses indígenas se encontravam espalhados pela costa e pelas bacias dos rios Paraná e Paraguai. Não obstante a semelhança de cultura e língua, podemos distinguir os indígenas em dois grandes blocos: os tupis-guaranis e os tapuias. Os tupis-guaranis se localizavam numa extensão que vai do litoral do Ceará até o Rio Grande do Sul. Os tupis ou tupinambás dominavam a faixa litorânea do norte até a Cananeia, no sul do atual Estado de São Paulo; os guaranis, na bacia do Paraná-Paraguai e no trecho do litoral entre Cananeia e extremo sul do Brasil de anos mais tarde. Em alguns pontos do litoral, outros grupos menores dominavam. Era o caso dos goitacases, na foz do rio Paraíba, e pelos aimorés no sul da Bahia e norte do Espírito Santo ou ainda pelos tremembés no litoral entre o Ceará e o Maranhão. Esses outros grupos eram chamados de tapuias pelos tupis-guaranis, pois falavam outra língua.

Entre as tribos indígenas, além das atividades como a caça, a coleta de frutas, a pesca e, é claro, a agricultura, havia também guerras e capturas de inimigos. Para a agricultura usavam a terra até seu esgotamento relativo. Depois se mudavam definitiva ou temporariamente para outras áreas. A derrubada de árvores e as queimadas eram um modo costumeiro de preparar a terra para a lavoura e essa técnica foi incorporada mais tarde pelos colonizadores. Plantavam feijão, milho, abóbora e especialmente mandioca da qual faziam a farinha, que se tornou um alimento básico no Brasil a partir do período colonial. A economia era destinada ao consumo próprio, sendo basicamente de subsistência, e cada aldeia produzia apenas para suprir suas próprias necessidades, havendo assim pouca troca de mercadorias entre aldeias. Mas existiam, sim, contato entre as aldeias para a troca de mulheres e de bens de luxo, como penas de tucano e de pedras para se fazer botoque. Dessas trocas nasciam alianças entre as tribos, que se viam obrigadas a lutar uma ao lado da outra quando qualquer delas fosse atacada. Daí nasceram as guerras entre as tribos e a captura de índios e inimigos de uma mesma tribo.

É bom não confundir o simples apresamento de inimigos com escravização, que é mais complexa. Tais inimigos, quando capturados, recebiam um tratamento diferenciado, eram bem alimentados, às vezes andando livremente pela tribo e ajudando na caça e, inclusive, obtendo da tribo, consentidamente, favores sexuais das índias. Isso se prolongava até chegar o dia em que eram mortos em meio à celebração de um ritual canibalístico, cujo costume se baseava na crença de que a bravura do guerreiro inimigo passaria ao vencedor quando este se alimentasse da carne daquele outro bravo guerreiro. Toda a tribo participava desse ritual e cabia a cada parcela da tribo (crianças, mulheres, guerreiros e velhos) uma parte específica do corpo do adversário vencido. O movimento artístico de 1922, chamado Movimento Antropofágico, tinha como base tais princípios. Com a chegada dos portugueses os índios seus aliados passam a vender muitos dos seus prisioneiros em troca de mercadorias. Este comercio era chamado de resgates. No entanto, só podiam ser resgatados os índios de corda, aqueles que eram prisioneiros ou escravos capturados nas guerras tribais e que iriam ser devorados; e os índios capturados nas guerras justas, operações militares organizadas pelos colonos ou pela coroa. A lei de 1610 decreta que o índio assim resgatado só poderia ficar escravizado por 10 anos. Esta lei foi alterada em 1626 para que os índios pudessem ser escravizados por toda a vida. Em 1655 uma nova lei proibia fazer guerra contra os índios sem ordem do rei e impedia qualquer tipo de violência contra eles. Os índios convertidos ao cristianismo não poderiam servir os colonos mais tempo do que o regulamentado pela lei, deveriam viver livres dirigidos pelos seus chefes e padres da companhia. Estas regulamentações desagradaram os colonos que em 1661 repetidamente se motinaram em protesto.

Durante o período pré-colonial (1500 – 1530), os portugueses desenvolveram a atividade de exploração do pau-brasil, árvore abundante na Mata Atlântica naquele período. A exploração dessa matéria-prima foi possibilitada não só pela sua localização, já que as florestas estavam próximas ao litoral, mas também pela colaboração dos índios, com os quais os portugueses desenvolveram um tipo de comércio primitivo baseado na troca – o escambo. Em troca de mercadorias europeias baratas e desconhecidas, como espelho e pedaços de pano, os índios extraíam e transportavam a valiosa madeira para os portugueses até o litoral.

A partir do momento em que os colonizadores passam a conhecer mais de perto o modo de vida indígena, com elementos desconhecidos ou condenados pelos europeus, a exemplo da antropofagia, os colonos passam então a alimentar uma certa desconfiança em relação aos índios. A colaboração em torno da atividade do pau-brasil já não era mais possível e os colonos tentam submetê-los à sua dominação, impondo sua cultura, sua religião – função esta que coube aos jesuítas, através da catequese – e forçando-os ao trabalho compulsório nas lavouras, já que não dispunham de mão-de-obra.

A escravidão no Brasil segue assim paralelamente ao processo de desterritorialização sofrido por estes. Diante dessa situação, os nativos só tinham dois caminhos a seguir: reagir à escravização ou aceitá-la.

Houve reações em alguns os grupos indígenas, muitos lutando contra os colonizadores até a morte ou fugindo para regiões mais remotas. Essa reação indígena contra a dominação portuguesa ocorreu pelo fato de que as sociedades indígenas sul-americanas desconheciam a hierarquia e, consequentemente, não aceitavam o trabalho compulsório.[carece de fontes?] Antes dos estudos etnográficos mais profundos (fins do século XIX e, principalmente, século XX), pensava-se que os índios eram simplesmente "inaptos" ao trabalho, tese que não se sustenta depois de pesquisas antropológicas em suas sociedades sem o impacto desestabilizador do domínio forçado.

Os índios assimilados, por sua vez, eram superexplorados e morriam, não só em decorrência dos maus-tratos recebidos dos colonos, mas também em decorrência de doenças que lhes eram desconhecidas e que foram trazidas pelos colonos europeus, como as doenças venéreas e a varíola e mais tarde pelos escravos africanos.

Diante das dificuldades encontradas na escravização dos indígenas, a solução encontrada pelos colonizadores foi buscar a mão-de-obra em outro lugar: no continente africano. Essa busca por escravos na África foram incentivados por diversos motivos. Os portugueses, reinóis e colonos, tinham interesse em encontrar um meio de obtenção de altos lucros com a nova colônia, e a resposta estava na atividade açucareira, uma vez que o açúcar tinha grande aceitação no mercado europeu. A produção dessa matéria-prima, por sua vez, exigia numerosa mão-de-obra na colônia e o lucrativo negócio do tráfico negreiro africanos foi a alternativa descoberta, iniciando-se assim a inserção destes no então Brasil colônia. Convém ressaltar que a escravidão dos índios perdura até meados do século XVIII.Os negros vinham em navios negreiros da África do Sul. Eram escravos. Sofriam castigos físicos, eram apartados definitivamente de seus familiares.

A escravização indígena e africana - o lucrativo tráfico negreiro


Recibo de compra e venda de escravos. Rio de Janeiro, 1851.A escravidão ameríndia foi a principal forma de obtenção de escravos pelos europeus após a descoberta da América. A partir de 1530, com a colonização portuguesa tomando forma, a razão de ser do Brasil passou a ser a de fornecer aos mercados europeus gêneros alimentícios ou minérios de grande importância. A metrópole portuguesa passou a incentivar um comércio que tinha suas bases em alguns poucos produtos exportáveis em grande escala, assentadas na grande propriedade. Assim, por causa da decisão lusitana em exportar poucos produtos tropicais em grande escala para a Europa, nasceu em Portugal uma justificativa para a existência do latifúndio no Brasil. Após a captura, os índios eram forçados a executar um duro trabalho nas lavouras de cana-de-açúcar, onde eram supervisionados, explorados e maltratados. Os portugueses que vinham para o Brasil não desejavam executar o trabalho que a produção de açúcar exigia. Isso se explica em parte porque a tradição católica e ibérica desprezava o trabalho manual, considerando-o como "coisa de escravo". Os índios capturados nas guerras tribais também começaram a ser vendidos aos colonos em vez de permanecerem escravos na aldeia do seu captor.

Os índios sofreram violência cultural, epidemias e mortes. Eles eram difíceis de escravizar por vários motivos. Um desses era a incompatibilidade com um trabalho intensivo, regular e obrigatório, como pretendidos pelos europeus. Não eram vadios ou preguiçosos, apenas faziam o que era necessário à sua sobrevivência. Nada difícil em épocas de abundância de peixes, frutas e animais. Eles empregavam grande parte de sua energia nos rituais e nas guerras. Noções como a de produtividade eram estranhas ao entendimento deles. Outras formas de resistência foram as fugas, a guerra e a recusa ao trabalho compulsório. Outro fator importante que desestimulou a escravização indígena foi a catástrofe demográfica, pois eles não tinham defesa biológica contra as doenças europeias como sarampo, varíola, gripe. Outro fator foi o conhecimento indígena dos relevos, das terras americanas, posto que o interior permanecia quase inexplorado pelos invasores portugueses. Isso facilitou uma maior organização de ataques contra as fazendas e fortes portugueses distribuídos ao longo da faixa litorânea brasileira. Além disso, a partir de um certo momento, a própria Igreja Católica passou, através principalmente dos jesuítas, a fazer um trabalho de catequização junto aos índios, dificultando aos comerciantes e colonos portugueses a escravização dos nativos. Isso provocou inúmeros atritos entre os padres e os colonos. Mas não significa que os padres tratavam os índios com respeito, muito menos no que se refere à cultura indígena. A cultura dos índios, suas crenças religiosas eram consideradas pelos padres inferior se comparadas à cristã. Os padres chegavam mesmo a duvidar que os índios fossem pessoas.

As línguas indígenas, apesar de parecidas, não ajudavam a formar uma nação indígena, coesa contra ataques externos, representando apenas grupos dispersos, muitas vezes em conflito. Isso permitiu aos portugueses encontrar aliados indígenas na luta contra os grupos que lhes resistiam. Uma forma de resistência aos colonizadores, principalmente à escravização, foi o isolamento, alcançado por meio de permanentes deslocamentos para áreas mais pobres. Os que assim procederam conseguiram, com algum sucesso, a preservação de uma herança biológica, social e cultural. Se bem que há tribos isoladas que por comercializarem diretamente com empresas estrangeiras, falam sua língua materna mas também um inglês rudimentar para viabilizar os negócios. Como resultado, temos hoje tanto grupos indígenas mais isolados como grupos indígenas que sofreram uma maior mestiçagem, tanto no aspecto biológico como social e cultural, mostrando sua influência na formação da sociedade brasileira. Certamente, o encontro desses povos com os europeus foi catastrófico, pois de uma população tão numerosa - embora os cálculos variem enormemente, entre 2 milhões e mais de 5 milhões - apenas entre 300 mil e 350 mil indígenas existam atualmente em território nacional.

Além disso, a escravização indígena era uma atividade que gerava lucros internos, ou seja, a metrópole portuguesa não se beneficiava com ela. Portanto, a preferência pelo trabalho escravo negro e não pelo índio se deve ao fato de que o comércio internacional de escravos trazidos da costa africana era tão tentador que acabou se transformando no negócio mais lucrativo da Colônia. Portugueses, holandeses e, no final do período colonial, brasileiros disputaram o controle dessa área tão lucrativa. Portanto, o tráfico se tornou mais do que um meio de prover braços para a grande lavoura de exportação, mas uma potencial fonte de riqueza para quem vendia os escravos, tratados como coisa, produto. Devido às dificuldades encontradas em escravizar os índios, a partir de 1570 a Coroa portuguesa passou a incentivar a importação de africanos, tomando também medidas para tentar evitar a escravização desenfreada e o morticínio indígena. Porém, a transição da escravização indígena para a negra africana se deu de maneira diferente na América portuguesa, variando no tempo e no espaço. Ela acabou mais rapidamente no núcleo mais importante da empresa mercantil, destinada à exportação de produtos agrícolas em grande escala. E demorou mais para acabar nas regiões periféricas, como é o caso de São Paulo.

Esses fatores contribuíram para que a mão-de-obra africana fosse inserida nas lavouras brasileiras, sendo obtida através do tráfico de escravos vindos principalmente das colônias portuguesas na África. A atividade do tráfico negreiro inicia-se oficialmente em 1559, quando a metrópole portuguesa decide permitir o ingresso de escravos vindos da África no Brasil. Antes disso, porém, transações envolvendo escravos africanos já ocorriam no Brasil, sendo a escassez de mão-de-obra um dos principais argumentos dos colonos.

Capturados nas mais diversas situações, como nas guerras tribais e na escravização por dívidas não pagas, os escravos africanos provinham de lugares como Angola e Guiné. Eram negociados com os traficantes Africanos (negros, também) em troca de produtos como fumo, armas e aguardentes e transportados nos chamados navios negreiros. Esses navios tinham destinos como as cidades do Rio de Janeiro, Salvador, Recife e São Luís, e delas eram transportados para regiões mais distantes. Durante as viagens, muitos escravos morriam em decorrência das péssimas condições sanitárias existentes nas embarcações, que vinham superlotadas. Quando desembarcavam em solo brasileiro, os escravos africanos eram vendidos em praça pública. Os mais fortes e saudáveis eram os mais valorizados.

A aquisição de mão de obra escrava tornou-se imperativa para o sucesso da colonização holandesa. Os holandeses passaram a importar escravos para trabalhar nas plantações. A Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais começou a traficar escravos da África para o Brasil.

Havia protestos, embora por vezes distantes, sem continuidade e sem medidas coercitivas, contra os maus tratos. Em 1º de março de 1700 por exemplo, o Rei de Portugal D. Pedro II escreveu uma carta indignada ao governador-geral D. João de Lencastre sobre os maus tratos dados aos escravos no Brasil: «... Não lhe dando fardas e outros nem ainda farinha», e comentando dos «cruéis castigos, por dias e semanas inteiras, havendo alguns que por anos se acham metidos em correntes, sendo mais cruéis as senhoras em alguns casos para com as escravas, apontando-se alguns que obram tanto os senhores como as senhoras com tal crueldade como são pingar de lacre e marcar com ferro ardente nos peitos e na cara, executando neles a mutilação de membros. De Francisco Pereira de Araújo se diz que cortou as orelhas a um, e pingou com lacre; outro veio do sertão, a quem o senhor cortou as partes pudendas, entendeu com uma sua negra; de outro, que se curou no hospital, se diz que foi tão cruelmente açoitado do seu senhor que lhe provocara especialmente o rigor da Justiça Divina, pelo que é de razão». Diz ainda de castigos que se fazem por suspensão de cordas em árvores, para que os mosquitos os estejam picando e desesperando, sobre os açoitarem e pingarem com a mesma crueldade que fazem os demais...»

Houve muito alvoroço com a necessidade de mão-de-obra nas Minas Gerais. Datado de 26 de março de 1700, um Bando do Governador do Rio Artur de Sá e Menezes proibiu que fossem transportados para as Minas escravos de cana e mandioca, enquanto ao mesmo tempo a Câmara se dirigia ao Conselho Ultramarino e pedia providências para facilitar entrada de africanos. Conseguiu duas medidas: a instituição de um tributo de 4$500 por cada escravo tirado de engenhos e despachado para as Minas, (e desde Carta Real de 10 de junho de 1699 havia direitos de entrada de 3$500 por cada negro vindo da África para o Rio de Janeiro) e a liberdade de comércio de negros e do tráfico. A própria Coroa traficava: e desde a Carta Régia de 16 de novembro de 1697 o preço de cada negro vendido era 160$000; em 1718 o preço tinha subido a 300$000, embora custo fosse de apenas 94$000.

A atividade do tráfico negreiro foi extremamente lucrativa e perdurou até 1850, sendo oficialmente extinguida nesse ano com a Lei Eusébio de Queirós.


O trabalho dos escravos

Os índios que foram assimilados e escravizados pelos colonos portugueses mostraram-se mais eficientes na execução de tarefas a que já estavam adaptados no seu modo de vida, como a extração e o transporte de madeira, do que nas actividades agrícolas. Esses trabalhadores eram superexplorados e muitos morriam em decorrência dos castigos físicos aplicados pelos seus senhores. O uso de indígenas como escravos perdurou até o século XVIII.

Diante das dificuldades encontradas no processo de escravização dos indígenas, os colonos encontram como alternativa a utilização de escravos africanos, obtidos através do tráfico negreiro. Os escravos africanos poderiam ser designados pelos seus senhores para o desenvolvimento dos mais diversos tipos de atividades,destacando-se as atividades agrícolas,lavoura, sendo a extração da cana-de-açúcar a principal, a mineração e os serviços domésticos.

A atividade açucareira foi durante muito tempo o pilar sobre o qual a economia colonial se sustentou. Foi desenvolvida principalmente na Zona da Mata, no litoral nordestino, que oferecia condições naturais favoráveis ao cultivo da cana-de-açúcar, produto que obtinha grande aceitação no mercado europeu e que garantia alta lucratividade. Para o seu cultivo, adotou-se o sistema de plantation, caracterizado pelo uso de latifúndios monocultores. A extração da cana necessitava de um grande contingente de mão-de-obra e foi a partir dessa necessidade que uma grande quantidade de africanos passou a trabalhar nos engenhos - propriedades destinadas ao cultivo e produção de açúcar.

Na agricultura, muitos escravos foram utilizados também no cultivo de tabaco, algodão e café, por exemplo.

Já na mineração, atividade que começa a ganhar grande importância na economia colonial durante o século XVIII, muitos nativos foram utilizados na exploração de metais preciosos, principalmente o ouro, na região de Minas Gerais. Vale ressaltar que com o desenvolvimento da mineração foram desenvolvidas várias atividades secundárias e dependentes dela, como a pecuária, das quais os escravos também participaram.

Os escravos domésticos - como indica o próprio nome - trabalhavam nas casas de seus senhores, realizando serviços como cozinhar e costurar. Existiram ainda casos de escravos que prestavam serviços remunerados e deveriam pagar parcela de sua renda ao seu proprietário, os chamados “escravos ao ganho”, além de escravos que eram alugados pelos seus senhores para desenvolver algum ofício (pedreiro, carpinteiro, cozinheiro, ama de leite) a um terceiro, sendo assim “escravos de aluguel”. Estes dois últimos tipos de escravos desenvolviam suas tarefas geralmente nos espaços urbanos.


O escravo encontrava-se na posição de propriedade de seu senhor, não possuindo assim qualquer direito. Era o seu proprietário o responsável por garantir os elementos básicos à sua sobrevivência, como a alimentação e as suas vestimentas. O cativo estava à disposição do seu dono, que o superexplorava. Era vigiado pelos chamados capitães-do-mato, que também capturavam os escravos fugidos e lhes aplicava os mais diversos tipos de castigos, como o açoitamento, o tronco, peia, entre outras punições, o que contribuía para diminuir o tempo de vida dessa mão-de-obra. Em síntese, executava o seu trabalho nas mais desumanas das condições.

Por parte dos senhores, existia uma discriminação com relação ao trabalho, já que o consideravam como “coisa de negros”. Convém ressaltar que houve casos de alforria, isto é, de escravos que foram libertados. Essas libertações ocorriam pelos mais variados motivos, desde vontade do senhor em virtude da obediência e lealdade do escravo até casos em que o cativo conseguia comprar a sua liberdade. Vale ressaltar também que a escravidão foi a base de sustentação da economia brasileira até o final do Império.



Resistência à escravidão
Tanto os índios quanto os cativos africanos promoveram formas de resistência à escravidão, não sendo assim passivos a ela.

Os índios resistiram desde o momento em que os colonos tentam escravizá-los a força. Os africanos e seus descendentes, por sua vez promoveram várias formas de resistência à escravidão. A mais conhecida de todas foi a criação dos quilombos, uma espécie de "sociedade paralela" formada por escravos que fugiam de seus senhores, sendo o mais popular o Quilombo dos Palmares, localizado em Alagoas. Existiram, porém, inúmeras outras formas de se resistir à escravidão, como o suicídio, assassinatos, rebeliões, Aborto e revoltas organizadas contra os senhores.

Convém ressaltar que essas revoltas são um dos fatores que contribuíram para a abolição da escravatura. Diga-se que a escravatura também era frequentemente praticada nos quilombos, por exemplo, no Quilombo dos Palmares os cativos eram mantidos como escravos e utilizados para o trabalho nas plantações. No entanto, não era abolir a escravatura que algumas destas revoltas tinham como objetivo. A revolta dos Malês não só visava a libertação dos escravos africanos como pretendia escravizar os brancos, os mulatos e os não muçulmanos.

Abolição da Escravatura


A abolição da escravatura foi processada de forma gradual e decorreu de toda uma situação formada com a sucessão do processo histórico, sendo ocasionada por uma série de pressões exercidas tanto por fatores externos quanto internos.

Pode-se encontrar nos fatores internos a ação de grupos abolicionistas compostos por indivíduos oriundos de diversas camadas da sociedade. Deve-se distinguir entre aqueles que eram favoráveis ao fim da escravidão os abolicionistas dos emancipacionistas, visto que estes eram favoráveis a uma abolição lenta e gradual dessa relação de trabalho, enquanto aqueles defendiam o fim imediato do trabalho escravo. Além da ação dos grupos abolicionistas, deve-se destacar a atuação de resistência da maior vítima do processo de escravidão, visto que os escravos não eram passivos e resistiam à dominação das mais diversas maneiras, como fugas, revoltas, assassinatos, suicídios, entre outros métodos.

Entre os fatores externos, pode-se destacar as pressões exercidas pelo Império Britânico sobre o governo brasileiro. A Inglaterra vivia naquele momento o auge do fenômeno do qual foi berço - a Revolução Industrial. O processo de industrialização demandava a ampliação dos mercados consumidores a fim de se obter a venda da crescente produção. O Brasil era um dos grandes parceiros comerciais ingleses, mas a relação de trabalho escravista não garantia aos trabalhadores que dela foram alvos poder aquisitivo. Além disso, o governo inglês já abolira a escravidão em todos os seus territórios.

As elites latifundiárias das colônias inglesas nas Antilhas sofreram perdas nesse processo a partir do momento em que haviam ganhado mais um custo de produção com o desenvolvimento de relações de trabalho assalariadas e que perdiam espaço na concorrência com a produção brasileira. Sentindo-se lesados, esses latifundiários passaram a exercer pressão sobre o parlamento inglês a fim de que a escravidão fosse combatida de forma mais efetiva. Em 1845, o parlamento inglês aprovou a chamada Lei Bill Aberdeen (em inglês, Aberdeen Act), que concedia à Marinha Real Britânica poderes de apreensão de qualquer navio envolvido no tráfico negreiro em qualquer parte do mundo. Como consequência da pressão inglesa, em 1850, o tráfico negreiro é oficialmente extinto com a Lei Eusébio de Queirós. Com o fim da principal fonte de obtenção de escravos, o preço destes elevou-se significativamente, uma vez que ocorre uma diminuição na sua oferta. Já em 1871, é promulgada a Lei do Ventre Livre, que garante a liberdade aos filhos de escravos. Oito anos depois, em 1879, inicia-se uma campanha abolicionista estimulada por intelectuais e políticos, como José do Patrocínio e Joaquim Nabuco.

O sistema escravista enfraquece-se mais ainda com a Lei dos Sexagenários (1885), que liberta todos os escravos com mais de 60 anos de idade.

Em 5 de maio de 1888, o Papa Leão XIII, na encíclica In Plurimis, dirigida aos bispos do Brasil, pede-lhes apoio ao Imperador, e a sua filha, na luta que estão a travar pela abolição definitiva da escravidão. No dia 13 de maio, a Lei Áurea é assinada pela Princesa Isabel, extinguindo oficialmente a escravidão no Brasil.

A abolição da escravidão, apesar de garantir a liberdade, não alterou em nada as condições socioeconômicas dos ex-escravos, que continuaram a viver, de uma forma geral, na pobreza, sem escolaridade e sofrendo com a discriminação. Não impediu também que a superexploração de mão de obra em regime de escravidão e o tráfico de pessoas continuassem sendo praticados até os dias atuais.

Convém ressaltar que, enquanto relação social de trabalho predominante no território brasileiro, a escravidão foi substituída pela mão-de-obra imigrante assalariada.

A herança dos escravos


Figura de Debret.Tanto os indígenas quanto os escravos africanos foram elementos essenciais para a formação não somente da população, mas também da cultura brasileira. A diversidade étnica verificada no Brasil decorre do processo de miscigenação entre colonos europeus (portugueses), indígenas e africanos. A cultura brasileira, por sua vez, apresenta fortes traços tanto da cultura indígena quanto da cultura africana. Desde a culinária, onde se verificam o vatapá, o caruru e chegando até a língua portuguesa, é impossível não perceber a influência da cultura dos povos que foram escravizados no Brasil.

A origem da feijoada brasileira tem sido alvo de controvérsias, alguns afirmam que, ao contrário do que é amplamente difundido, não tem origem entre os escravos, mas em um prato português. Nesse aspecto, entretanto, é importante ressaltar que partes dos porcos utilizados no preparo da feijoada não eram usados pelos escravocratas, o que reforça a tese de que, como em outros espaços da cultura brasileira, houve uma reelaboração a partir do que os negros dispunham para sua alimentação.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

O voto direto


Igor Vieira, professor de história do cursinho pH, dá uma aula sobre o voto direto, que é configurado quando o cidadão vota no candidato ao cargo eletivo.

Mas nem sempre o cidadão brasileiro teve esse direito. Durante a ditadura militar, o governo estabeleceu o voto indireto. No final deste período houve uma grande mobilização dos cidadãos brasileiros para conquista do voto direto. O movimento ficou conhecido como Diretas Já.

Durante o governo de José Sarney é elaborada a constituição. A primeira eleição livre após a ditadura ocorre em 1989, quando Fernando Collor de Mello é eleito.




Evolução da estrutura partidária brasileira



O professor de História do Cursinho PH, Igor Vieira, aborda a estrutura partidária brasileira ao longo do período republicano.
O Brasil tem uma estrutura pluripartidarista fruto da evolução democratica no país.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Terceiro Ano - CNDL
Colégio Notre Dame de Lourdes
Terceiro Bimestre
Coleção Pitágoras
A Alta Idade Média

A Idade Média é o período histórico compreendido entre os anos de 476 ( queda de Roma ) ao ano de 1453 ( a queda de Constantinopla). Este período apresenta uma divisão, a saber:

-ALTA IDADE MÉDIA ( do século V ao século IX ) - fase marcada pelo processo de formação do feudalismo.

-BAIXA IDADE MÉDIA ( do século XII ao século XIV ) -fase caracterizada pela crise do feudalismo.


Entre os séculos IX e XII observa-se a cristalização do Sistema Feudal.
Posto isto, vamos dividir o estudo do período medieval em duas partes. Nesta revisão abordaremos a Alta Idade Média e na próxima revisão veremos o Feudalismo e a Baixa Idade Média.
RESUMO

A Sociedade medieval
Clero (padres, bispos, papa), Nobres (reis, condes, duques, cavaleiros), Servos (camponeses)



A vida dos servos
Obrigações (impostos e taxas):
- talha, corvéia, banalidades, tostão de Pedro





Os Cavaleiros medievais
Eram : corajosos, justos, honestos e guerreiros

O poder da Igreja Católica
- poder econômico, político e cultural
- o teocentrismo ( explicação religiosa para todas as coisas)
- dificultou o avanço da ciência

Excluídos e Perseguidos na Idade Média
- Bruxas eram perseguidas, torturadas e queimadas
- Leprosos eram isolados nas florestas




ALTA IDADE MÉDIA

Período do século V ao século IX é caracterizado pela formação do Sistema Feudal. Neste período observa-se os seguintes processos históricos: a formação dos Reinos Bárbaros, com destaque para o Reino Franco; o Império Bizantino -parte oriental do Império Romano - e a expansão do Mundo Árabe. Grosso modo, a Alta Idade Média representa o processo de ruralização da economia e sociedade da Europa.

1. OS REINOS BÁRBAROS
Para os romanos, "bárbaro" era todo aquele povo que não possuía uma cultura greco-romana e que, portanto, não vivia sob o domínio de sua civilização. Os bárbaros que invadiram e conquistaram a parte ocidental do Império Romano eram os Germânicos, que viviam em um estágio de civilização bem inferior, em relação aos romanos. Eles não conheciam o Estado e estavam organizados em tribos. As principais tribos germânicas que se instalaram na parte ocidental de Roma foram:

-Os Anglo-Saxões, que se estabeleceram na Grã-Bretanha;
-Os Visigodos estabeleceram-se na Espanha;
-Os Vândalos fixaram-se na África do Norte;
-Os Ostrogodos que se instalaram na Itália;
-Os Suevos constituíram-se em Portugal;
-Os Lombardos no norte da Itália;
-Os Francos que construíram seu reino na França.

Os Germânicos não conheciam o Estado, vivendo em comunidades tribais - cuja principal unidade era a Família. A reunião de famílias constituía um Clã e o agrupamento de clãs formava a Tribo. A instituição política mais importante dos povos germânicos era a Assembléia de Guerreiros, responsável por todas as decisões importantes e chefiada por um rei ( rei que era indicado pela Assembléia e que, por isto mesmo, controlava o seu poder ). Os jovens guerreiros se uniam -em tempos de guerra -a um chefe militar por laços de fidelidade, o chamado Comitatus.
A sociedade germânica era assim composta:
-Nobreza: formada pelos líderes políticos e grandes
proprietários de terras;
-Homens-livres: pequenos proprietários e guerreiros que
participavam da Assembléia;
-Homens não-livres: os vencidos em guerras que viviam sob o regime de servidão e presos à terra e os escravos - grupo formado pelos prisioneiros de guerra.

Economicamente, os germânicos viviam da agricultura e do pastoreio. O sistema de produção estava dividido nas propriedades privadas e nas chamadas propriedades coletivas ( florestas e pastos ).
A religião era politeísta e seus deuses representavam as forças da natureza.

Como sabemos, o contato entre Roma e os bárbaros, a princípio, ocorreu de forma pacífica até meados do século IV. À partir daí, a penetração germânica deu-se de forma violenta, em virtude da pressão dos hunos. Também contribuíram para a radicalização do contato: crescimento demográfico entre os germanos, a busca por terras férteis, a atração exercida pelas riquezas de Roma e a fraqueza militar do Império Romano.

Entre os povos germânicos, os Francos são aqueles que irão constituir o mais importante reino bárbaro e que mais influenciarão o posterior desenvolvimento europeu.

O REINO FRANCO

A história do Reino Franco desenvolve-se sob duas dinastias:
-Dinastia dos Merovíngios ( século V ao século VIII ) e -Dinastia dos Carolíngios ( século VIII ao século IX ).


OS MEROVÍNGIOS

O unificador das tribos francas foi Clóvis ( neto de Meroveu, um rei lendário que dá nome a dinastia). Em seu reinado houve uma expansão territorial e a conversão dos Francos ao cristianismo. A conversão ao cristianismo foi de extrema importância aos Francos ­que passam a receber apóio da Igreja Católica; e para a Igreja Católica que terá seu número de adeptos aumentado, e contará com o apóio militar dos Francos.

Com a morte de Clóvis, inicia-se um período de enfraquecimento do poder real, o chamado Período dos reis indolentes. Neste período, ao lado do enfraquecimento do poder real haverá o fortalecimento dos ministros do rei, o chamado Mordomo do Paço (Major Domus). Entre os Mordomos do Paço, mercerem destaque: Pepino d'Herstal, que tornou a função hereditária; Carlos Martel, que venceu os árabes na batalha de Poitiers, em 732 e Pepino, o Breve, o criador da dinastia Carolíngia.

A Batalha de Poitiers representa a vitória cristã sobre o avanço muçulmano na Europa. Após esta batalha, Carlos Martel ficou conhecido como "o salvador da cristandade ocidental".

OS CAROLÍNGIOS

Dinastia iniciada por Pepino, o Breve. O poder real de Pepino foi legitimado pela Igreja, iniciando-se assim uma aliança entre o Estado e a Igreja - muito comum na Idade Média, bem como o início de uma interferência da Igreja em assuntos políticos.

Após a legitimação de seu poder, Pepino vai auxiliar a Igreja na luta contra os Lombardos. As terras conquistadas dos Lombardos foram entregues à Igreja, constituindo o chamado Patrimônio de São Pedro. A prática de doações de terras à Igreja irá transformá-la na maior proprietária de terras da Idade Média.

Com a morte de Pepino, o Breve e de seu filho mais velho Carlomano, o poder fica centrado nas mãos de Carlos Magno.

O IMPÉRIO CAROLÍNGIO

Carlos Magno ampliou o Reino Franco por meio de uma política expansionista. O Império Carolíngio vai compreender os atuais países da França, Holanda, Bélgica, Suiça, Alemanha, República Tcheca, Eslovênia, parte da Espanha, da Áustria e Itália.
A Igreja Católica, representada pelo Papa Leão III, vai coroá-lo imperador do Sacro Império Romano, no Natal do ano 800.

O vasto Império Carolíngio será administrado através das Capitulares, um conjunto de leis imposto a todo o Império. O mesmo será dividido em províncias: os Condados, administrados pelos condes; os Ducados, administrados pelos duques e as Marcas, sob a tutela dos marqueses. Condes, Duques e Marqueses estavam sob a vigilância dos Missi Dominici -funcionários que em nome do rei inspecionavam as províncias e controlavam seus administradores. Os Missi Dominici atuavam em dupla: um leigo e um clérigo.

No reinado de Carlos Magno a prática do benefício (beneficium) foi muito difundida, como forma de ampliar o poder real. Esta prática consistia na doação de terras a quem prestasse serviços ao rei, tendo para com ele uma relação de fidelidade. Quem recebesse o benefício não se submetia à autoridade dos missi dominici. Tal prática foi importante para a fragmentação do poder nas mãos de nobres ligados à terra em troca de prestação de serviços -a origem do FEUDO.

Na época de Carlos Magno houve um certo desenvolvimento cultural, o chamado Renascimento Carolíngio, caracterizado pela promoção das atividades culturais, através da criação de escolas e pela vinda de sábios de várias partes da Europa, tais como Paulo Diácono, Eginardo e Alcuíno - monge fundador da escola palatina.

Este "renascimento" contribuiu para a preservação e a transmissão de valores da cultura clássica ( greco-romana ). Destaque para a ação dos mosteiros, responsáveis pela tradução e cópia de manuscritos antigos.

DECADÊNCIA DO IMPÉRIO CAROLÍNGIO

Com a morte de Carlos Magno, em 814, o poder vai para seu filho Luís, o Piedoso, o qual conseguiu manter a unidade do Império. Com a sua morte, em 841, o Império foi dividido entre os seus filhos. A divisão do Império ocorreu em 843, com a assinatura do Tratado de Verdun estabelecendo que:

Carlos, o Calvo ficasse com a parte ocidental ( a França atual);
Lotário ficasse com a parte central ( da Itália ao mar do Norte) e
Luís, o Germânico ficasse com a parte oriental do Império.

Após esta divisão, outras mais ocorrerão dentro do que antes fora o Império Carolíngio. Estas divisões fortalecem os senhores locais, contribuindo para a descentralização política que, somada a uma onda de invasões sobre a Europa, à partir do século IX ( normandos, magiares e muçulmanos ) contribuem para a cristalização do feudalismo.


Confira abaixo uma síntese do Feudalismo


O feudalismo foi um modo de organização social e político baseado nas relações servo-contratuais (servis). Tem suas origens na decadência do Império Romano. Predominou na Europa durante a Idade Média.

Aprenda mais sobre a Alta Idade Média



Nesta teleaula você conhecerá o feudalismo. Entenderá porque, durante esse modo de organização social, a Europa perdeu a noção de Estado, se dividindo em muitos reinos. Além disso, aprenderá que na Idade Média a Igreja Católica era o maior poder organizado que existia e que as Cruzadas foram expedições militares organizadas pelos papas para conquistar a Terra Santa: a Palestina.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Segundo Ano - CNDL
Terceiro Bimestre - História do Brasil
Colégio Notre Dame de Lourdes
Coleção Pitágoras
Unidade - A Era Vargas
Capítulo 1
A construção de um Brasil novo

Aprenda os aspectos da Era Vargas ao som de uma paródia da música WMCA do grupo Village People


O Professor Chico mostra uma maneira criativa de ensinar história. Confira a letra da paródia que aborda aspectos da Era Vargas.

Vargas, assumiu o poder com um golpe
Paraiba, Minas e Rio Grande
vieram a formar a Aliança Liberal
teve, primeiro o Governo Provisório
no Constitucional é notório
mulher vota e agora trabalho tem que ter lei

Chiquinho explica o que é o Plano Cohen
lá vem o golpe Estado novo já vem
Populismo vai ter, com o DIP a valer
Nacionalismo e a CLT (2x)



Segundo Ano - CNDL
Terceiro Bimestre - História do Brasil
Colégio Notre Dame de Lourdes
Coleção Pitágoras
Unidade - A Era Vargas
Capítulo 2
O Estado Novo






No dia 10 de novembro de 1937, o presidente Getúlio Vargas anunciava o Estado Novo, em cadeia de rádio. Iniciava-se um período de ditadura na História do Brasil.
Alegando a existência de um plano comunista para a tomada do poder ( Plano Cohen ) Getúlio fechou o Congresso Nacional e impôs ao país uma nova Constituição, que ficaria conhecida depois como "Polaca" por ter se inspirado na Constituição da Polônia, de tendência fascista.
O Golpe de Getúlio Vargas foi articulado junto aos militares e contou com o apoio de grande parcela da sociedade, pois desde o final de 1935 o governo havia reforçado sua propaganda anti comunista, amedrontando a classe média, na verdade preparando-a para apoiar a centralização política que desde então se desencadeava.


A partir de novembro de 1937 Vargas impôs a censura aos meios de comunicação, reprimiu a atividade política, perseguiu e prendeu inimigos políticos, adotou medidas econômicas nacionalizantes e deu continuidade a sua política trabalhista com a criação da CLT em 1943.
O principal acontecimento na política externa foi o desenvolvimento da 2º Guerra Mundial (39-45), responsável pela grande contradição do governo Vargas, que dependia economicamente dos EUA e possuía uma política semelhante à alemã. A derrota do Nazi fascismo contribuiu decisivamente para o fim do Estado Novo.

Em 1939, durante o Estado Novo, Vargas criou o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), inicialmente sob a direção do jornalista Lourival Fontes.
As funções do Departamento, conforme própria cartilha interna explica, eram de "centralizar, coordenar, orientar e superintender a propaganda nacional, interna ou externa (...) fazer a censura do Teatro, do Cinema, de funções recreativas e esportivas (...) da radiodifusão, da literatura (...) e da imprensa (...) promover, organizar, patrocinar ou auxiliar manifestações cívicas ou exposições demonstrativas das atividades do Governo".


Para enviar aos jornais as notícias sobre os atos do governo, criou-se uma subdivisão do DIP, a Agência Nacional, que fornecia cerca de 60% das matérias publicadas na imprensa, destacando a organização do Estado e os valores nacionalistas, ou seja, responsável por uma propaganda essencialmente ideológica O DIP foi uma das estruturas fundamentais para a manutenção da ditadura varguista, sendo que a propaganda desenvolvida por ele foi responsável por difundir a imagem do progresso e do desenvolvimento associados diretamente à figura de Vargas. A valorização da imagem do líder é uma das características dos regimes fascistas, assim como dos governantes populistas.



Entenda o que foi Estado Novo

Nesta teleaula você verá que, no governo Getúlio Vargas, a criação dos direitos sociais fez parte de um projeto político de construção nacional que restringia a cidadania política, privando os brasileiros do direito de manifestação, de participação, de voto e de organização partidária.


Conheça a política econômica do Estado Novo



O Crescimento da Intolerância

Pio Penna Filho


* Professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) e Pesquisador do CNPq. E-mail: piopenna@gmail.com







O 11 de Setembro paira como uma nuvem escura no horizonte norte-americano. Como data traumática na história recente dos Estados Unidos, as feridas provocadas pelos atentados terroristas de 2001 ainda não cicatrizaram. E, pelo visto, isso ainda irá demorar a acontecer.
O anúncio da queima de exemplares do Alcorão por parte de um religioso norte-americano, dentre outras para chamar a atenção para o 11 de Setembro, é sintomático e, ao mesmo tempo, revelador sobre a crescente onda de intolerância que vimos assistindo em diversas partes do mundo. E não se trata apenas de uma questão religiosa.
Na Europa, por exemplo, o governo da França foi duramente admoestado por autoridades da União Européia por sua política discriminatória contra os ciganos. Mesmo sendo cidadãos europeus, portanto com direito a livre circulação no espaço comunitário, esse grupo tem sido perseguido e expulso do país pelas autoridades francesas. Não há outro argumento que não o fato de serem ciganos, o que demonstra a velha característica europeia de discriminação contra as minorias.
Na Europa ocorre também um intenso debate em torno de certos costumes islâmicos que é visto por muitos como mais uma demonstração de intolerância. No caso, citamos a proibição do uso do véu integral em espaços públicos, medida que foi recentemente aprovada pelo Senado da República Francesa.
Voltando aos Estados Unidos, percebe-se que apesar do esforço governamental em tentar aliviar a tensão religiosa, principalmente frente ao islamismo, certos setores da sociedade norte-americana insistem em também radicalizar o discurso religioso. A discussão em torno de se queimar ou não exemplares do Alcorão é apenas uma manifestação desse tipo de fundamentalismo cristão.
Existe muita intolerância contra outros povos que não são derivadas apenas de questões religiosas. Nos Estados Unidos, mas também na Europa, o preconceito contra as pessoas oriundas de países menos desenvolvidos é algo patente. Quem não se lembra do tratamento dado aos brasileiros na Espanha, que costumam ser deportados apenas por serem provenientes de um país sul-americano?
Mas a intolerância não é apenas Ocidental. Em alguns países islâmicos assistimos a um fenômeno semelhante. O Islã, que historicamente foi muito mais tolerante para com outras religiões monoteístas (especialmente com o cristianismo e com o judaísmo) tem se mostrado cada vez mais agressivo, sobretudo na sua vertente fundamentalista.
Infelizmente vivemos num mundo em que, apesar dos exemplos catastróficos produzidos pela intolerância, ainda não conseguimos avançar muito nesse quesito. Há muito perdemos a noção de humanidade em nome de particularismos criados por religiões, por aspectos culturais, étnicos e nacionais. Muito da violência que vivenciamos vem justamente da perda de nossa humanidade. Resgatá-la deveria ser um objetivo permanente de todos os seres humanos.

domingo, 12 de setembro de 2010

O papel do G-20 na crise econômica mundial




Na aula de geografia, o professor Diego Moreira do cursinho pH, explica o papel do G-20 na crise econômica mundial.

O G-20 é um espaço de discussão de temas de grande relevância no setor internacional, como o comércio que tem chamado atenção, especialmente por causa da crise financeira, iniciada a partir de 2008.

A crise, segundo Moreira, está associada ao mercado de capitais e aos fundos de investimentos de alto risco feito pelos grandes bancos.

Como a crise tem origem numa relativa falta de cuidado com os processos econômicos, de acordo com o professor, o G-20 se reúne e propõe medidas de intervenção para regulação desses mercados.
O Brasil e as migrações internacionais

Professor fala sobre o Brasil e as migrações internacionais.
A partir dos anos 30, país começa a formar perfil repulsor.
Saiba mais sobre os diferentes momentos vividos pelo Brasil.




O professor de geografia do cursinho pH, Diego Moreira, dá uma aula sobre as migrações internacionais ocorridas no Brasil.

No período de 1500 a 1930, o país apresentava um perfil receptor com a chegada dos colonizadores portugueses, os escravos africanos, os europeus não lusitanos e os asiáticos.

A partir dos anos 30, como reflexo da crise de 1929, o Brasil começa a formar um perfil repulsor.

A lei de cotas de 1934 restringe a entrada de imigrantes, há o êxodo rural e as cidades se tornam metrópoles que não comportam toda a população. O ambiente saturado e a falta de infraestrutura fazem com que os brasileiros deixem o país em busca de melhores condições de vida na Europa, Estados Unidos e Japão.

Confira aula completa em vídeo.

Aprenda mais sobre as origens do Islamismo

Terceiro Ano - CNDL
Colégio Notre Dame de Lourdes
Terceiro Bimestre
Coleção Pitágoras
O Islão

Introdução

A religião muçulmana tem crescido nos últimos anos (atualmente é a segunda maior do mundo) e está presente em todos os continentes. Porém, a maior parte de seguidores do islamismo encontra-se nos países árabes do Oriente Médio e do norte da África. A religião muçulmana é monoteísta, ou seja, tem apenas um Deus: Alá.
Criada pelo profeta Maomé, a doutrina muçulmana encontra-se no livro sagrado, o Alcorão ou Corão. Foi fundada na região da atual Arábia Saudita.



Vida do profeta Maomé

Muhammad (Maomé) nasceu na cidade de Meca no ano de 570. Filho de uma família de comerciantes, passou parte da juventude viajando com os pais e conhecendo diferentes culturas e religiões. Aos 40 anos de idade, de acordo com a tradição, recebeu a visita do anjo Gabriel que lhe transmitiu a existência de um único Deus. A partir deste momento, começa sua fase de pregação da doutrina monoteísta, porém encontra grande resistência e oposição. As tribos árabes seguiam até então uma religião politeísta, com a existência de vários deuses tribais.
Maomé começou a ser perseguido e teve que emigrar para a cidade de Medina no ano de 622. Este acontecimento é conhecido como Hégira e marca o início do calendário muçulmano.










Em Medina, Maomé é bem acolhido e reconhecido como líder religioso. Consegue unificar e estabelecer a paz entre as tribos árabes e implanta a religião monoteísta. Ao retornar para Meca, consegue implantar a religião muçulmana que passa a ser aceita e começa a se expandir pela península Arábica.
Reconhecido como líder religioso e profeta, faleceu no ano de 632. Porém, a religião continuou crescendo após sua morte.

Livros Sagrados e doutrinas religiosas

O Alcorão ou Corão é um livro sagrado que reúne as revelações que o profeta Maomé recebeu do anjo Gabriel. Este livro é dividido em 114 capítulos (suras). Entre tantos ensinamentos contidos, destacam-se: onipotência de Deus (Alá), importância de praticar a bondade, generosidade e justiça no relacionamento social. O Alcorão também registra tradições religiosas, passagens do Antigo Testamento judaico e cristão.



Os muçulmanos acreditam na vida após a morte e no Juízo Final, com a ressurreição de todos os mortos.
A outra fonte religiosa dos muçulmanos é a Suna que reúne os dizeres e feitos do profeta Maomé.
Preceitos religiosos

A Sharia define as práticas de vida dos muçulmanos, com relação ao comportamento, atitudes e alimentação. De acordo com a Sharia, todo muçulmano deve seguir cinco princípios:

- Aceitar Deus como único e Muhammad (Maomé) como seu profeta;
- Dar esmola (Zakat) de no mínimo 2,5% de seus rendimentos para os necessitados;
- Fazer a peregrinação à cidade de Meca pelo menos uma vez na vida, desde que para isso possua recursos;
- Realização diária das orações;
- Jejuar no mês de Ramadã com objetivo de desenvolver a paciência e a reflexão.

Locais sagrados

Para os muçulmanos, existem três locais sagrados: A cidade de Meca, onde fica a pedra negra, também conhecida como Caaba. A cidade de Medina, local onde Maomé construiu a primeira Mesquita (templo religioso dos muçulmanos). A cidade de Jerusalém, cidade onde o profeta subiu ao céu e foi ao paraíso para encontrar com Moises e Jesus.

Figura 1: Árabes em torno do templo da Caaba.

Divisões do Islamismo

Os seguidores da religião muçulmana se dividem em dois grupos principais : sunitas e xiitas. Aproximadamente 85% dos muçulmanos do mundo fazem parte do grupo sunita. De acordo com os sunitas, a autoridade espiritual pertence a toda comunidade. Os xiitas também possuem sua própria interpretação da Sharia.


Conquistas territoriais



A expansão islâmica foi motivada pelos interesses mercantis dos grupos de comerciantes árabes e pela possibilidade de pilhagens e conquistas de terras férteis, favorecendo os interesses dos povos beduínos. Além disso, atribui-se a ela o enfraquecimento do Império Persa e a propagação da fé islâmica, obrigação pregada pelos descendentes de Maomé.
No primeiro século de existência, os árabes definiram um processo de expansão responsável pela formação de um vasto império territorial que se estendia da Península Ibérica, norte da África e do Oriente Médio, chegando inclusive às fronteiras da China e da Índia.

Economia, religião e cultura

As principais atividades econômicas, desenvolvidas pelos povos árabes foram o comércio e a indústria. As caravanas árabes estendiam os seus contatos até as regiões da Índia e do Extremo Oriente. Além das especiarias provenientes do Oriente, os árabes permitiam ao mundo ocidental o contato com as invenções dos chineses, como a pólvora, a bússola e o papel e com as dos hindus, como os algarismos, que passaram a ser chamados de algarismos arábicos. Os principais produtos orientais comercializados pelos povos árabes eram porcelana, musselina, tapetes, marfim, sedas, ouro, jóias, além de escravos.
Na atividade agrícola, da criação da curva de nível, os árabes desenvolveram técnicas assimiladas de diferentes povos. Boa parte das terras do império eram divididas em pequenas propriedades, exploradas pelos próprios donos. Nas grandes propriedades, era comum a presença de escravos, servos e rendeiros livres.
No campo religioso, o islamismo, doutrina criada por Maomé, possuía como princípios fundamentais a crença em Alá, como único Deus, e em Maomé, como seu legítimo profeta. Além disso, o islâmico é obrigado a orar cinco vezes ao dia, voltado para Meca; visitar Meca, pelo menos uma vez na vida; jejuar no mês do Ramadã (o nono mês lunar dos islâmicos) além de promover a caridade. A religião islâmica prega a crença no paraíso, no Juízo Final, na imortalidade da alma e na existência dos anjos. Segundo as orientações contidas no Alcorão, o livro sagrado com os ensinamentos de Maomé, os muçulmanos devem se abster da bebida, da carne de porco e dos jogos de azar. O Alcorão condena o roubo, o homicídio e a reprodução da figura humana. Admite, por outro lado, a escravidão e a poligamia.



A capacidade de assimilar e a de reelaborar o patrimônio cultural das diferentes civilizações com as quais tiveram contato fizeram dos árabes uma civilização que em muito se notabilizou no campo científico.
Aos árabes se deve a tradução da obra do astrônomo grego Ptolomeu, conhecida como Almagesto, e a criação de importantes laboratórios em Damasco, em Córdoba e no Cairo. Desenvolveram paralelamente os primeiros estudos de alquimia, com o objetivo de produzir a pedra filosofal, substância que poderia transformar todos os metais em ouro. Nessa época, acabaram descobrindo várias substâncias, como o álcool, o ácido sulfúrico e o salitre. Os estudos árabes sobre a alquimia contribuíram sobremaneira para o desenvolvimento da química como ciência. Foram também os árabes que promoveram a descrição dos processos de destilação, filtração e sublimação.
No campo da medicina, os árabes estabeleceram o diagnóstico de doenças como a varíola e o sarampo. A obra Cânon, do médico Avicena, foi utilizada como manual de medicina na Europa até o século XVII.
Na matemática, os árabes desenvolveram os estudos de álgebra e de trigonometria, além da propagação do sistema numérico arábico, na verdade de origem hindu.
Na literatura, rica e imaginativa, os árabes desenvolveram importantes obras como o Rubayat, contendo as poesias de Omar Kayaman, além da obra em prosa As mil e uma noites, coleção de histórias, fábulas e contos eróticos e aventuras, inspirados na literatura dos povos egípcio e persa. Ibn Khaldum foi o mais importante historiador árabe, considerado os fatores de ordem material fundamentais, para o entendimento do processo civilizatório.
A pintura e a escultura foram antes menos desenvolvidas devido às restrições do Alcorão, que proíbe a retratação da figura humana. Destaca-se, no entanto, a originalidade da arte dos arabescos como recurso decorativo.
A arquitetura foi a principal arte desenvolvida, apresentando a combinação dos estilos bizantino e persa. Os árabes construíram palácios e mesquitas utilizando nesses obras a técnica de cripta em foram de bulbo, os minaretes, os arcos em ferradura, os arabescos e os mosaicos. Destacam-se como obras notáveis dos povos árabes a Mesquita de Omar, os palácios de Alhambra em Granada e Alcaçar em Sevilha.
Na filosofia, destaca-se a influência dos pensadores gregos, como Platão e Aristóteles. Avicenas e Averrois sobressaíram-se pela preservação e divulgação do racionalismo grego no Ocidente.
Finalmente, é importante ressaltar a influência árabe na língua portuguesa, em função da prolongada presença desses povos na região da Península Ibérica (século VII ao XV).




Saiba mais sobre a Civilização Muçulmana

Nesta teleaula você verá como o império muçulmano começou sua expansão na Península Arábica, onde a religião do Islã foi revelada ao profeta Maomé. Além disso, aprenderá que este império se dividia em três califados.

Conheça a força da religião islâmica




Atividades
1. Explique o que caracterizava politicamente a Arábia Pré-Islâmica.

Resposta: Politicamente, era caracterizada pela ausência de um Estado que abrigasse a nação existente na Península Arábica. Os povos árabes estavam fragmentados politicamente em 335 tribos dispersas na região litorânea (Arábia Feliz) e no interior da península (Arábia desértica), independentes entre si e dedicados à religião politeísta.


2. Qual era a importância da Caaba para os povos pré-islâmicos.

Resposta: A Caaba representava o principal templo dos povos pré-islâmicos na medida em que abrigava os inúmeros ídolos de adoração das diversas tribos que ocupavam a Península Arábica, entre eles a Pedra Negra.


3. Explique a importância histórica da Hégira para civilização árabe.

Resposta:A Hégira, fuga de Maomé para a cidade de Yatreb em 622, representa o ínicio do calendário muçulmano.

4.Identifique os aspectos culturais em que os povos árabes mais se destacaram.

Resposta: Além da contribuição religiosa, atribuem-se aos árabes os primeiros estudos de alquimia, que permitiram a descoberta de importantes substâncias químicas. Diagnosticaram, na Medicina, doenças como varíola e sarampo. Desenvolveram, na Matemática, os estudos de álgebra e de trigonometria. Na prosa literária, destacaram-se coma a obra As mil e uma noites, além da obra poética de Rubayt. Desenvolveram grandiosa arquitetura com a construção de palácios e mesquitas.

Questões propostas

Gabarito
1.a
2.c
3.e
4.a
5.e
6.b
7.a
8.e
9.d
10.a
11.c
12.e
13.01+ 02+ 04 +08
14.V;V;V;V;V