terça-feira, 15 de junho de 2010

O Complexo Oriente Médio

Pio Penna Filho*

O Oriente Médio está, direta ou indiretamente, relacionado aos grandes marcos das relações internacionais contemporâneas. Suas grandes reservas petrolíferas, ainda vitais para a manutenção da economia mundial e, mais recentemente, o fenômeno do fundamentalismo islâmico e a ação de grupos terroristas que professam a doutrina islâmica, colocam a região como centro das atenções internacionais em termos de segurança, uma vez que são percebidos como uma ameaça pelo Ocidente.
Não bastasse os problemas históricos enfrentados pelos povos Oriente Médio e acentuados após o fim da Primeira Guerra Mundial com a ocupação dos territórios anteriormente dominados pelo Império Otomano, com o fim da Segunda Guerra Mundial a situação se complicou um pouco mais, sobretudo em decorrência da criação de um novo Estado em terras antes ocupadas por maioria palestina. Assim, a criação do Estado de Israel, tal como realizada, resultou em profundas implicações políticas para a região.
Divergências entre os próprios povos árabes, predominantes na região, também conformam o complexo cenário regional. Quando se fala em união dos povos árabes, seja por afinidade étnica, lingüística ou religiosa, estamos tratando na verdade de um mito. O mundo árabe está dividido há séculos, não só por disputas políticas pelo poder, mas também e principalmente em termos religiosos, numa guerra surda que remete à própria religião criada por Maomé (Mohamed). As divergências entre os Estados árabes são, pois, um aspecto de suma importância quando se deseja compreender o contexto regional.
Além disso, o Oriente Médio aparece, ao lado de algumas regiões do continente africano, como uma zona de tensão permanente e de conflitos duradouros e persistentes. Ocorreram nas últimas quatro décadas guerras civis (Líbano), guerras entre Estados (Irã x Iraque), guerras entre uma coalizão de Estados (Egito, Síria, Jordânia x Israel), revoluções (Irã), conflitos de cunho religioso (Egito), guerras de países ocidentais contra regimes árabes (Estados Unidos/Inglaterra x Iraque) e, mais recentemente, a ação deliberada de grupos terroristas.




Nota-se, naturalmente, que a associação entre petróleo, fonte vital da matriz energética mundial principalmente para os países mais desenvolvidos, e o fundamentalismo religioso, acabou sendo explosiva e colocou o Oriente Médio no centro das atenções internacionais. O deslocamento de tropas norte-americanas e de outras partes do mundo, sobretudo após a Guerra do Golfo (1991) e a sua permanência na região, aumentada com a Guerra do Iraque (2003), reforça e evidencia a tese da importância do Oriente Médio para as relações internacionais contemporâneas.
Além disso, o impacto proporcionado pela expansão islâmica em direção a várias outras regiões é outro exemplo da influência que o Oriente Médio promove no plano internacional. Vários conflitos do pós-Guerra Fria tiveram conexões com esse forte movimento emanado daquela região. Podemos citar como exemplos áreas de atrito entre populações muçulmanas na África (Nigéria), nos Bálcãs (Bósnia), na Ásia Central (Chechênia/Daguestão) e ações terroristas na Europa e Estados Unidos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário