quarta-feira, 19 de maio de 2010

Segundo Ano - Capítulo 4 pp. 59-60

Leia o texto a seguir.
Tela produzida pela Expedição Langsdorff no interior do Brasil.

"Em 1808, abrem-se os portos da colônia portuguesa na América do Sul e, consequentemente, ocorre a derrocada do antigo sistema colonial. Superado o exclusivismo português, inúmeros estrangeiros podem finalmente visitar a desconhecida terra, tão promissora em riquezas naturais. Sérgio Buarque de Holanda refere-se a um "novo descobrimento do Brasil" empreitado por comerciantes, artistas, imigrantes, naturalistas, diplomatas, mercenários, educadores vindos de diferentes regiões do Velho Mundo e dos Estados Unidos.

Trata-se, pois, de um dos aspectos do processo de "internacionalização" pelo qual o Brasil estava passando, chegando a emprestar aos principais centros da ex-colônia, especialmente os portuários, um "caráter cosmopolita". Entre os estrangeiros, a presença dos ingleses é a mais expressiva, em decorrência dos privilégios comerciais que desfrutavam no Brasil, desde o Tratado de 1810. Não é difícil compreender que eles exerceram significativa influência tanto sobre a economia quanto sobre o campo da ideias, estando, nesse momento, entre os primeiros a lançar publicações sobre o Brasil no Velho Mundo. Apesar do predomínio inglês, que se estende ao longo do século, outras nacionalidades voltaram seus interesses ao país e deixaram igualmente importantes registros de suas viagens ou estadias em forma de releto, compêndio, estatística, epístola, conferência, diário e material iconográfico, contribuindo para a produção de imagens sobre o país e para a sua inserção no concerto das nações europeias (...)

Em suma, nos escritos desses forasteiros estão sendo avaliados as potencialidades econômicas, sociais e naturais do país. Em jogo estão a conquista, a ampliação e a manutenção de novos mercados e coleta de amostras da natureza. Daí uma das razões da variedade temática que caracteriza a literatura de viagem. De comerciantes, aventureiros, diplomatas, artistas a mercenários, todos estudavam, com maior ou menor afinco, a fauna e a flora, os recursos naturais; observavam a vida social, tanto rural quanto urbana; investigavam as relações de trabalho, de produção, a economia e as questões escravistas e indígenas. E, dependendo dos objetivos da viagem, a ênfase nos assuntos é diferente. É evidente que os naturalistas, particularmente, aprofundaram os temas da história natural: botânica, zoologia, geografia, mineralogia, paleontologia, astronomia, meteorologia (...). "


LISBOA, Karen Macknow. Olhares estrangeiros sobre o Brasil do século XIX. IN: MOTA, Carlos Guilherme, org. Viagem incompleta. A experiência brasileira. Formação: histórias. São Paulo: Senac, 2000. p. 267-9 (Fragmento).


2. b) Relacione a presença dos viajantes com a inserção do Brasil no concerto das nações europeias no século XIX.

Foram os viajantes que apresentaram o Brasil à Europa, no que se refere à sua população, hábitos, costumes e tradições, e ainda as riquezas naturais e as potencialidades da fauna e da flora. A partir daí, as nações europeias voltam as suas atenções para o que mais lhes interessava no Brasil.

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