sábado, 19 de setembro de 2009

À Espera de um Milagre

À Espera de um Milagre
(Green Mile, The, 1999)
Um dos grandes dramas do final da década de 1990, com poderoso conteúdo.
Por Tatiane Crescêncio



Segunda produção de Frank Darabont nos cinemas, À Espera de Um Milagre, esta é considerada uma outra grande obra moderna do diretor, que arrastou um grande público para os cinemas, apesar de sua longa duração. Somente nos Estados Unidos a produção chegou a arrecadar cerca de 130 milhões de dólares. Foi indicada ao Oscar de 2000 nas categorias de melhor filme, melhor ator coadjuvante, melhor roteiro adaptado e melhor som. Porém, infelizmente e injustamente, acabou não recebendo nenhum deles, sobretudo o de roteiro adaptado, o que seria o mais merecido.
Neste drama, Paul Edgecomb conta a uma amiga o que lhe aconteceu quando era o responsável pelo corredor da morte (chamado milha verde, devido à cor do chão) e pela execução dos condenados à morte na cadeira elétrica. Isso foi em 1935, quando aconteceu a chegada do condenado John Coffey, acusado de assassinar duas meninas, e que possui o dom de realizar milagres.
Esta produção é uma adaptação de uma das obras mais famosas de Stephen King – The Green Mile – publicada em seis partes. Mas não apenas por isso, seu roteiro é perfeito e não deixa escapar nenhum detalhe importante da obra. Este é o segundo filme de Darabont que se baseou na obra de King, o primeiro foi Um Sonho de Liberdade. Tais qualidades acabam por justificar a indicação ao Oscar de melhor roteiro adaptado. A obra de King é respeitada como uma das melhores de sua carreira, e o filme foi transposto para o cinema de forma bem próxima.
Porém, À Espera de um Milagre, apesar de também se passar em uma penitenciária, é completamente diferente de Um Sonho de Liberdade. Aqui o diretor também tenta passar o drama vivido pelos prisioneiros, mas neste caso, são pessoas condenadas à morte e sem chance de volta. E os guardas responsáveis pela prisão são mais humanos e têm entre seus dilemas garantir que o preso se sinta bem e tranqüilo, enquanto aguarda pela sua execução. Tom Hanks e Michael C. Duncan em uma cena do filme.
Um fato interessante é que o elenco do filme é formado quase totalmente por homens. Um personagem de destaque é Paul Edgecomb, interpretado por Tom Hanks (O Terminal) que mantém-se sempre firme e durão diante de seus subordinados, mas ao mesmo tempo é fraco e sofre por estar em uma situação complexa quando descobre que estará prestes a executar um inocente. Agora, Michael Clarke Duncan, que interpreta John Coffey, também soube fazer muito bem seu trabalho, dando ao seu personagem o tom misterioso e silencioso que realmente era necessário. No começo da trama era mesmo difícil para os outros personagens saber que ele era inocente: ele deixava grandes dúvidas que acabaram despertando a curiosidade no em Paul Edgecomb, que não sabia se ele estava fingindo ser assim calmo e tranqüilo, meio parado, ou se estava apenas escondendo o jogo e era terrível e cruel. Um fato que ajudou Michael a ganhar este papel foi sua estatura, afinal não deve ser tão fácil encontrar um ator de tal porte que tenha um mínimo de talento para participar de um filme importante como este. Duas cenas podem ser consideradas inesquecíveis e realmente muito bem produzidas. A primeira é a execução de Eduard Delacroix (Michael Jeter) dirigida pelo estúpido e ignorante Percy Wetmore (Doug Hutchison), que deveria ter realmente sido morto pelo prisioneiro Wild Bill, um totalmente louco. Esta aconteceu sob uma noite de verão em meio a uma tempestade, ou seja, um clima assustador e tenso, uma vez que Percy esqueceu um dos procedimentos mais importantes para a execução e podia-se ver a fumaça saindo e o fogo no pano que cobria a cabeça do condenado.
A outra cena é a própria execução de John Coffey, inocente condenado à morte na cadeira elétrica injustamente. Nesta cena podemos sentir todo o drama dos próprios guardas – entre eles Paul – responsáveis pela execução. Todos sabendo dos seus milagres, eram obrigados a cumprir a ordem, mas ao mesmo tempo se culpavam e temiam pelo que poderia acontecer quando os mesmos morressem, uma vez que estavam “crucificando” uma pessoa enviada por Deus para ajudar e salvar outras pessoas. Cada um sabia que carregaria este peso pela consciência durante o resto de suas vidas, ou ainda além delas.
Em resumo, este filme nos mostra o mesmo erro humano de Um Sonho de Liberdade, onde a Justiça pode ser incompetente ao ponto de condenar um inocente a pagar por algo que não fez. É um drama, a meu ver, forte, excelente, apesar de seu tempo ser um pouco longo.
Michael C. Duncan no papel de John Coffey
Entretanto, a partir do momento em que você se envolve na trama, o tempo passa e quando menos se vê o filme está muito próximo do seu final. Recomendo sim para todos aqueles que apreciam um drama e estejam a fim de conhecer a história desses personagens, e quem sabe refletirem sobre a forma como julgam as pessoas, sendo que a primeira impressão não é tudo e muitas vezes uma conclusão apressada é errônea.







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